Transição para a menopausa: Das condições aos fatores sensíveis aos cuidados de enfermagem
Publication year: 2014
A menopausa acontece em média aos 50 anos e é uma das mais importantes
transições vivida pelas mulheres. É considerada um processo natural, mas representa
mudanças e desafios nas diferentes dimensões bio-psico-socio-culturais. As
enfermeiras especialistas em saúde materna, obstétrica e ginecológica constituem-se
importantes recursos facilitadores desta fase da vida das mulheres mas, para isso,
precisam de conhecer os padrões desta transição e as condições pessoais e
ambientais que facilitam ou dificultam o seu bem-estar para desenvolverem uma
transição saudável. Este estudo tem como objetivos compreender os processos de
transição enquanto experiências vividas pelas mulheres durante a transição para a
menopausa, e os fatores facilitadores e dificultadores vivenciados pelas mulheres
durante esta transição.
Desenvolveu-se um estudo qualitativo com recurso à grounded theory, tendo por base
os pressupostos da teoria das transições de Meleis. As participantes do estudo foram
oito mulheres em menopausa fisiológica com idades entre os 50 e 55 anos do
concelho da Figueira da Foz. A colheita de dados foi feita através de entrevistas
semiestruturadas nos anos 2012-2013 e a análise foi realizada segundo a metodologia
de análise comparativa constante (Strauss e Corbin, 2008).O estudo teve parecer
favorável da Comissão Ética da Unidade Investigação em Ciências da Saúde –
Enfermagem da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra.
Verificamos que ocorrem alterações muito profundas na vida das mulheres durante a
transição para a menopausa. Os resultados permitiram-nos verificar: (a) diferentes
significados atribuídos à menopausa - fase natural do ciclo vital, fase difícil, libertação
e perda; (b) as expectativas das mulheres sobre o futuro passam por (re)organização
pessoal, manter diferentes papéis e identidade, liberdade, melhor fase da vida e
insegurança, (c) conhecimentos adquiridos relacionam-se com alterações físicas,
terapias, alimentação, diferentes vivências da menopausa e divergências em saúde;
(d) capacidades adquiridas são influenciadas pelas oportunidades de aprendizagem,
(e) nível de planeamento quase limitados a ausência de planeamento; (f) recursos
identificados e utilizados pelas mulheres (g) o bem-estar / mal-estar físico e emocional
percecionado, relacionado com (im)previsibilidade das alterações, perceção das
mudanças e sua interpretação. Nesta transição, os fatores facilitadores mais
referenciados situam-se no domínio ambiental, destacando-se a ocupação -
profissional, familiar e lazer - e as pessoas significativas. As dificuldades de transição
estiveram mais relacionadas com a imprevisibilidade das alterações e a insatisfação
com orientação dos profissionais de saúde. Estes resultados são convergentes com a
literatura.
Verifica-se que muitas das condições que influenciam esta transição são sensíveis a
cuidados de enfermagem. Sugere-se que os enfermeiros desenvolvam cuidados
antecipatórios capazes de prepararem e capacitarem as mulheres. Para isso, devem
prestar cuidados integrais – individualmente e em grupos de mulheres - ajudando-as a
(re)elaborar os seus projetos de vida, a sua identidade, as suas relações sociais e
familiares e a desenvolver o seu máximo potencial em saúde.