Avaliação da incidência e evitabilidade de eventos adversos no pronto atendimento
Assessment of the incidence and avoidability of adverse events in the emergency care unity
Publication year: 2021
A temática da segurança do paciente vem sendo cada vez mais discutida nos sistemas de saúde, com intuito de aperfeiçoar a qualidade da assistência prestada contribuindo para diminuir a possibilidade de ocorrência de danos ou incidentes evitáveis. O pronto atendimento é considerado ambiente de constante lotação e alta pressão que podem comprometer a segurança do paciente e prejudicar a confiança de todo o sistema de atendimento. O estudo teve como objetivo avaliar a incidência e a evitabilidade de eventos adversos em pacientes adultos internados em uma unidade pública de pronto atendimento situada no município de Uberlândia, durante o ano de 2018. Trata-se de um estudo de coorte, com revisão retrospectiva de 296 prontuários por meio do uso de formulários de rastreamento (fase 1) e avaliação (fase 2), preenchidos por profissionais não médicos e médico, respectivamente. Na primeira fase foram avaliados os dados demográficos, condição clínica e os potenciais eventos adversos. Além disso, houve a verificação da qualidade das informações registradas nos prontuários. Na segunda fase, identificou-se e caracterizou-se os eventos adversos previamente rastreados. A incidência de eventos adversos encontrada foi de 4,4% (n=13) com evitabilidade de 100%, sendo 75% caracterizados como leve e 25% moderado quanto ao grau de gravidade. Referente à caracterização dos indivíduos do estudo, apontou-se que a maioria é do sexo masculino (54,4%), de raça branca (37,2%), que não informaram o nível de escolaridade (67,6%) e acima de 60 anos (52,7%). Essas características foram mantidas para os indivíduos que apresentaram eventos adversos.
As maiores porcentagens em relação ao tipo de diagnóstico encontrado no indivíduo com evento adverso foram:
doenças relacionadas a traumas (23,1%); doenças infecciosas e intestinais (15,4%); doenças hepáticas/pâncreas/vias biliares (15,4%) e doenças do sistema nervoso (15,4%). Quanto aos fatores intrínsecos e extrínsecos, encontrou-se uma média de fatores intrínsecos de 1,17 por paciente, com desvio padrão igual a 1,2, enquanto que o valor médio dos extrínsecos é de 1,5, com desvio padrão igual a 1. Para ambos, o mínimo é de nenhum fator, máximo de 5 e mediana de 1. Dentre aqueles que tiveram eventos adversos, 69,2% apresentaram fatores de risco intrínsecos, enquanto que 100% manifestaram os extrínsecos, bem como, o fator de risco intrínseco que teve mais ocorrências foi o de hipertensão arterial (34,8%), enquanto que o fator de risco extrínseco com maior número de aparições foi o cateter venoso periférico (54,5%). Em relação aos critérios de rastreamento, necessários para identificação do Potencial Evento Adverso, verificou-se no estudo que em 50% não foi localizada nenhuma evidência de Potencial Evento Adverso, ou seja, não houve nenhum critério de rastreamento. Acerca da classificação dos casos com eventos adversos conforme a natureza do problema principal, esses estão relacionados: ao cuidado em geral (81,2%), ao medicamento (6,2%), ao procedimento (6,2%) e ao diagnóstico (6,2%). Em relação a análise dos prontuários, dentre as 14 questões avaliadas, essas apresentaram percentual de documentação adequada entre 97,9% e 100%. Avaliar a incidência de eventos adversos e suas características permite compreender o panorama dos principais problemas em relação a segurança do paciente em uma unidade de pronto atendimento, que por sua vez, permite traçar estratégias de intervenção para o desenvolvimento de novas ações de controle e resposta. Esse é o primeiro passo na busca para incorporar uma cultura de qualidade e segurança do paciente
The issue of patient safety has been increasingly discussed in health systems, with the aim of improving the quality of care provided, contributing to reduce the possibility of damage or preventable incidents. The subject of patient safety has been increasingly discussed in health systems, in order to improve the quality of care provided, contributing to reduce the possibility of damage or avoidable incidents. Emergency care unit is considered an environment of constant crowding and high pressure that can compromise patient safety and undermine the confidence of the whole care system. This study aimed to assess the incidence and avoidability of adverse events in adult patients admitted to a public emergency care unit located in Uberlândia city (Minas Gerais State, Brazil), in 2018. This is a cohort study, with a retrospective review of 296 medical records through the use of tracking forms (phase 1) and evaluation (phase 2) fulfilled by non-medical professionals and doctors, respectively. In the first phase, demographic data, clinical condition and potential adverse events were evaluated. In addition, there was a verification of the quality of the informations recorded in the medical records. In the second phase, the previously tracked adverse events were identified and characterized. The incidence of adverse events found was 4.4% (n = 13) with 100% avoidability, 75% being characterized as mild and 25% moderate as to the degree of severity. As for the characterization of the individuals in the study, it was pointed out that the majority are male (54.4%), white (37.2%), who did not report their level of education (67.6%) and above 60 years old (52.7%). These characteristics were maintained for individuals who experienced adverse events.