Reabilitação respiratória nas pessoas com lesão medular traumática cervical

Publication year: 2013

O presente estudo pretendeu conhecer a evidência científica atual sobre a eficácia das várias intervenções de reabilitação respiratória nas pessoas com lesão medular cervical traumática. Procurou-se determinar o efeito das intervenções de reabilitação respiratória sobre os valores espirométricos, a força dos músculos respiratórios e outros indicadores pulmonares relevantes. Foram ainda objetivos correlacionar a eficácia das intervenções de reabilitação respiratória com a qualidade de vida, a sensação de dispneia, a presença de complicações respiratórias e a necessidade de ventilação mecânica invasiva nas pessoas com lesão medular cervical. Realizou-se uma revisão sistemática de literatura com a identificação dos artigos em plataforma eletrónica, nas bases de dados científicas. Foram incluídos estudos randomizados controlados publicados em Português ou Inglês até Dezembro de 2012. Dos 58560 estudos identificados, 208 foram selecionados e 13 incluídos. Dois revisores independendentes avaliaram os estudos selecionados para determinar quais cumpriam os critérios de inclusão. Foi avaliada a qualidade metodológica dos estudos incluídos através da escala Jadad e realizada metanálise nos estudos em que houve homogeneidade relativamente aos participantes, às intervenções e às variáveis/outcomes. Dos treze artigos incluídos, quatro correspondem ao treino dos músculos inspiratórios, um ao treino dos músculos expiratórios, dois à otimização da respiração através dos posicionamentos, três à utilização de faixa abdominal, um à ventilação mecânica não invasiva e dois à in/exsuflação mecânica.

As principais conclusões são:

a aplicação das intervenções de reabilitação respiratória nesta população traduz-se em ganhos para a saúde; existe evidência científica moderada que a aplicação de intervenções de reabilitação respiratória tem um efeito eficaz na desobstrução das vias aéreas, na otimização da ventilação alveolar e consequente diminuição das complicações respiratórias; existe alguma evidência científica que correlaciona a melhoria da qualidade de vida à intervenção treinar os músculos inspiratórios através de fluxo resistido e que a posição de Trendelemburg diminui o tempo de ventilação mecânica invasiva.