A avaliação dos estilos de aprendizagem dos enfermeiros nos contextos de trabalho: Um trilho para a construção de um instrumento

Publication year: 2014

Os contextos clínicos devem ser considerados, não só como geradores de cuidados, mas como espaços formativos de eleição, essenciais para o desenvolvimento profissional dos enfermeiros (Eraut, 2007; Marsick, Watkins, Callahan & Volpe, 2009; Menoita, 2011). Uma forma de melhorar a sua aprendizagem nestes contextos é torná-los conscientes dos seus estilos de aprendizagem. Contudo, não existem instrumentos válidos disponíveis que permitam avaliar os mesmos nos contextos de trabalho (Berings, 2006). De forma a contribuir para a construção futura de um instrumento e partindo da definição de estilos de aprendizagem nos contextos de trabalho de Berings, procurou-se identificar quais as atividades de aprendizagem dos enfermeiros nos contextos de trabalho nos domínios da enfermagem definidos por Benner (2001). Foi desenvolvido um estudo multi-caso em 4 (quatro) serviços do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra. A colheita de dados envolveu um Questionário de Caracterização Sociodemográfica e Profissional; Entrevistas Informais; e 4 (quatro) Grupos Focais, com um total de 19 (dezanove) participantes. Foram identificadas 18 (dezoito) atividades de aprendizagem, que se podem agrupar em três categorias, à semelhança de Walden & Bryan (2011). Aprendizagens através de processos colaborativos, onde se inclui: aprendizagem através do/a questionamento aos colegas; partilha/discussão com os colegas; feedback dos colegas; questionamento a outros profissionais de saúde e partilha/discussão com outros profissionais de saúde. As aprendizagens através da execução do trabalho, onde se inclui: a aprendizagem através da/o interação com os doentes e com a família; experiência; erro; reflexão; vivência de situações significativas; transferência de conhecimentos para a prática; observação de colegas e/ou médicos; processo supervisivo com estudantes de enfermagem; repetição; e experimento de situações e observação dos resultados. As aprendizagens através de fontes de conhecimento, onde se inclui: a aprendizagem através da participação em formações não formais e formais; utilização de normas e protocolos do serviço/hospital; e pesquisa bibliográfica. As atividades de aprendizagem são, na grande maioria, atividades expostas, passíveis de serem observadas. A única atividade mental mencionada é a reflexão. A aprendizagem que se desenvolve através do questionamento e da partilha/discussão com os colegas é transversal em todos os domínios da enfermagem. Contudo, outras atividades surgem apenas num domínio como a aprendizagem através da reflexão, no Domínio "Função de Ajuda"; e a aprendizagem através de processos supervisivos com estudantes de enfermagem no Domínio "Educação e Orientação". Os Domínios onde foram mencionadas mais atividades de aprendizagem, num total de 10 (dez) atividades, foram respetivamente "Função de Ajuda", "Educação e Orientação", "Diagnóstico Acompanhamento e Monitorização do Doente" e "Administração e Vigilância dos Protocolos Terapêuticos". O Domínio onde foram mencionadas menos atividades, num total de 4 (quatro), foi o da "Organização e Distribuição de Tarefas". O conhecimento destas atividades poderá tornar as instituições mais despertas para as aprendizagens desenvolvidas pelos enfermeiros nos contextos de trabalho, podendo contribuir para o desenvolvimento de métodos estruturados que permitam melhorar as mesmas e servir de base para a construção de um instrumento que permita avaliar os estilos de aprendizagem dos enfermeiros nos contextos de trabalho.