A morte da pessoa numa unidade de cuidados intensivos coronários: Vivências dos enfermeiros
Publication year: 2013
Lidar com a morte é uma experiência que ninguém quer encarar. Contudo, o enfermeiro
tem um papel fundamental de ajuda e apoio à pessoa e família nesta aprendizagem
(Sulzbacher et al., 2009). A forma como os enfermeiros lidam com a morte depende de
múltiplos fatores (Dias, 2010). Entre eles, as suas características pessoais, a sua
formação, o contexto onde trabalha, ou mesmo a pessoa que morre. Numa unidade de
cuidados intensivos coronários (UCIC), todos os esforços são desenvolvidos para
manter a vida de quem é cuidado. Raramente se aceita a morte sem lhe ser dada luta
acérrima.
Conhecer as vivências dos enfermeiros perante a morte da pessoa cuidada numa UCIC,
foi o objetivo deste estudo. Recorreu-se para tal a uma abordagem qualitativa, com à
recolha de dados através de entrevista semiestruturada, realizada a 6 enfermeiros com
um mínimo de 3 anos de experiência numa UCIC e 5 anos de experiência profissional.
Os dados foram analisados com recurso à análise de conteúdo (Bardin, 2004).
Da análise dos dados obtiveram-se três categorias principais: 1) “Emoções e
Sentimentos”, que podem ser “Ameaçadores” (“Tristeza”, “Revolta”, “Angústia”,
“Frustração”, “Impotência” e “Insegurança”) ou “Positivos” (“Compaixão” e “Dever
cumprido”); 2) “Estratégias/Recursos para fazer face”, que podem ser “Individuais”
(como o “Reavaliar a situação”, o “Envolvimento profissional” ou o “Encarar a morte
como algo natural”, entre outras) ou “Com os Outros” (“Partilha de experiências entre
colegas” e “Suporte familiar”); 3) a última categoria reporta as “Dificuldades sentidas”,
que integram a dificuldade em “Lidar com a morte/fracasso” e em “Lidar com os
próprios sentimentos”.
As descrições das experiências sentidas destes enfermeiros em conjunto com a reflexão
e discussão realizadas, poderão proporcionar melhorias ao nível do cuidar,
especialmente em contextos semelhantes. Podem resultar ainda programas de melhoria
contínua, nomeadamente ao nível da preparação para a gestão do luto ou para o próprio
apoio do enfermeiro enquanto pessoa cuidadora.