Cuidados de enfermagem no cateterismo venoso periférico: Impacte no perfil microbiológico

Publication year: 2014

O cateterismo venoso periférico é a forma de administração de terapêutica intravenosa mais utilizada nos hospitais, sendo o enfermeiro, o profissional de eleição responsável por todo o procedimento. Assim, pretende-se caracterizar os cuidados de enfermagem na manipulação (inserção, manutenção e remoção) de cateteres venosos periféricos e verificar quais os cuidados de enfermagem que têm impacte no perfil microbiológico. Trata-se de um estudo descritivo-correlacional, transversal de natureza quantitativa. A recolha de dados decorreu de 17 de setembro a 21 de dezembro de 2012, nos serviços cirúrgicos de um hospital central da região centro de Portugal, com um total de 1080 grelhas preenchidas, de 411 utentes, e a recolha de 335 cateteres e 335 zaragatoas do local de inserção. Os dados foram analisados no IBM SPSS Statitstics. Nos resultados microbiológicos, das 335 amostras analisadas, 62,7% apresentaram pelo menos uma unidade formadora de colónia. Dos 86 cateteres positivos, isolaram-se 100 microrganismos: 88 identificados, num total de 15 espécies diferentes (sendo as mais comuns Staphylococcus epidermidis, Staphylococcus haemolyticus, Staphylococcus aureus); 9 não eram relevantes para estudo e em 3 não se obteve identificação. Verificou-se contudo que dos cuidados de enfermagem prestados ao utente com cateter venoso periférico, somente o tempo de permanência do mesmo influencia a colonização com risco de infeção. Os resultados apresentam significado, tanto para a instituição e serviços em causa, como para enfermagem, evidenciando que para além dos cuidados de enfermagem outras variáveis poderão influenciar a ocorrência de colonização com risco de infeção. As práticas não uniformes entre os enfermeiros e os resultados relativos ao tempo de permanência do cateter justificam um maior investimento na formação contínua dos profissionais de saúde para assim, poder-se atuar na prevenção e tratamento de complicações, na diminuição dos custos associados aos cuidados e no bem-estar do utente pela diminuição do risco. Identifica-se a necessidade de replicação do estudo, noutras áreas médicas, para adequar os cuidados às características da população portuguesa.