A Enfermagem no processo de reconhecimento da autonomia do usuário renal crônico: a importância da avaliação da qualidade de vida para uma bioética do cuidado

Publication year: 2019

Introdução:

A pesquisa apresenta uma perspectiva original sobre as implicações bioéticas inerentes ao cuidado de Enfermagem e, com ela, uma nova consciência acerca da conduta profissional no diálogo com a diversidade dos sujeitos autônomos. A partir deste novo recorte, se insere o reconhecimento como componente elementar de análise da integralidade da assistência que, no caso do usuário renal crônico, se concretiza na qualidade de vida atribuída à sua condição clínica, mensurável quantitativamente através do Kidney Disease and Quality of Life – Short Form (KDQOL-SFTM1.3).

Esta pesquisa apresenta a seguinte hipótese teórica:

a avaliação da qualidade de vida do usuário renal crônico, como parte inerente do cuidado de Enfermagem, possibilita o reconhecimento da sua autonomia como ponto articulador de uma bioética do cuidado.

Questão norteadora:

Como a qualidade de vida resultante da avaliação dos usuários renais crônicos possibilita ao enfermeiro reconhecer o sentido da autonomia como fundamento bioético na relação do cuidado? Objeto: O reconhecimento da autonomia dos usuários renais crônicos, considerando sua percepção de qualidade de vida, como elemento fundamental para um cuidado bioético de Enfermagem.

Objetivos:

Avaliar a qualidade de vida dos usuários renais crônicos, de forma quantificada através do instrumento Kidney Disease and Quality of Life — Short Form (KDQOL-SFTM1.3), como parte integrante da compreensão do processo de reconhecimento da sua autonomia; Analisar os resultados obtidos através de uma perspectiva bioética fundada em uma concepção holística do cuidado de Enfermagem; Discutir, etnograficamente, como os elementos sócio-antropológicos, presentes na concepção de reconhecimento, integram o cuidado bioético de Enfermagem; Propor uma bioética do cuidado, capaz de auxiliar a Enfermagem na construção de uma assistência que associe competência profissional (beneficência/não-maleficência), respeito pela integridade moral do usuário (autonomia) e responsabilidade social na aplicação dos recursos de saúde (justiça).

Metodologia:

Trata-se de uma pesquisa transversal de investigação quantitativa, na modalidade etnometodologia. Os dados oriundos da aplicação do questionário autoaplicável KDQOL- SFTM1.3, em que o escore final varia de 0 a 100, considerando que valores próximos ao 0 correspondem a uma qualidade de vida menos favorável e os valores próximos a 100 a uma melhor qualidade de vida, sofreram análise descritiva-analítica com auxílio do software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) versão 21.0, com geração de média, mediana e desvio padrão além de considerar o nível de significância de 5%.

Resultados e discussão:

A pesquisa demonstra, através da aplicação do questionário KDQOL-SFTM1.3, a transição da quantificação dos dados para a qualificação dos procedimentos terapêuticos e serviços de saúde prestados aos usuários. Em todas e cada uma das dimensões abordadas pelo questionário,equipe de enfermagem tem relevância ímpar no processo de enfrentamento do usuário. O reconhecimento de sua autonomia permite vislumbrar a corresponsabilidade envolvida no plano terapêutico estabelecido entre usuário e profissional de saúde.

Conclusão:

A bioética do cuidado, entendida como forma privilegiada da condição epistemológica e pragmática da Enfermagem permite a construção de pontes entre conhecimento e entre pessoas, com o objetivo de promover bem-estar e qualidade de vida.

Os três axiomas:

inseparabilidade das habilidades, unidade bidimensional e aggiornamento do mundo circundante demonstram que o valor bioético do cuidado deve estar em sintonia com os imperativos instituídos pelos usuários, autônomos, inseridos em um contexto sócio-antropológico. Assim, se pode dizer que a bioética do cuidado é uma Bioética do cuidado real de uma Enfermagem real.

Introduction:

The research presents an original perspective on the bioethical implications inherent to nursing care and, with it, a new awareness about professional conduct in dialogue with the diversity of autonomous subjects. Based on this new approach, recognition is inserted as an elementary component of the analysis of the comprehensiveness of care that, in the case of chronic renal users, is reflected in the quality of life attributed to their clinical condition, measurable quantitatively through the instrument Kidney Disease and Quality of Life — Short Form (KDQOL-SFTM1.3).

This research presents the following theoretical hypothesis:

the assessment of the quality of life of chronic renal users, as an inherent part of nursing care, enables the recognition of their autonomy as an articulating point of a bioethics of care.

Guiding question:

How does the quality of life resulting from the assessment of chronic renal users enable nurses to recognize the sense of autonomy as a bioethical foundation in the relationship of care? Object: The recognition of the autonomy of chronic renal users, considering their perception of quality of life, as a fundamental element for a bioethical nursing care.

Objectives:

To evaluate the quality of life of chronic renal users, quantified through the instrument Kidney Disease and Quality of Life — Short Form (KDQOL-SFTM1.3). as an integral part of understanding the process of recognizing their autonomy; To analyze the results obtained through a bioethical perspective based on a holistic conception of nursing care; Discuss, ethnographically, how the socio-anthropological elements, present in the conception of recognition, integrate the bioethical nursing care; Propose a bioethics of care, capable of assisting nursing in the construction of care that associates professional competence (beneficence / nonmaleficence), respect for the moral integrity of the user (autonomy) and social responsibility in the application of health resources (justice).

Methodology:

This is a cross-sectional research of quantitative research, in the ethnomethodology modality. Data from the self-administered KDQOL-SFTM1.3 questionnaire, in which the final score ranges from 0 to 100, considering that values close to 0 correspond to a less favorable quality of life and values close to 100 to a better quality of life. suffered descriptive-analytical analysis with the aid of the software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) version 21.0, with generation of mean, median and standard deviation and considering the significance level of 5%.

Results and discussion:

The research demonstrates, through the application of the KDQOL-SFTM1.3 questionnaire, the transition from data quantification to the qualification of therapeutic procedures and health services provided to users. In each and every one of the dimensions addressed by the questionnaire, the nursing team has unique relevance in the user’s coping process. The recognition of their autonomy allows us to glimpse the co-responsibility involved in the therapeutic plan established between users and health professionals.

Conclusion:

The bioethics of care, understood as a privileged form of the epistemological and pragmatic condition of nursing, allows the construction of bridges between knowledge and between people, with the objective of promoting well-being and quality of life.

The three axioms:

inseparability of skills, two-dimensional unity and aggiornamento of the surrounding world demonstrate that the bioethical value of care must be in line with the imperatives instituted by autonomous users, inserted in a socio-anthropological context. Thus, it can be said that the bioethics of care is a real care bioethics of a real nursing.