A práxis da enfermeira obstétrica na assistência à mulher no processo partutivo
Publication year: 2019
Esta pesquisa teve como objetivos analisar a práxis das enfermeiras obstétricas no parto normal no contexto da formação profissional na modalidade de residência e discutir se a práxis dessas enfermeiras obstétricas na assistência ao parto normal hospitalar contribui para um movimento de transição do modelo obstétrico hegemônico. Pesquisa de natureza qualitativa e analítica, desenvolvida com treze enfermeiras obstétricas egressas do curso de residência em duas maternidades públicas do município do Rio de Janeiro, Brasil. Aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa. Os dados foram coletados pela entrevista individual, semiestruturada e análise pela hermenêutica-dialética. Considerando as bases analíticas do método da hermenêutica-dialética, os resultados evidenciaram ambivalências e contradições na formação das enfermeiras obstétricas e suas interfaces com a práxis profissional. Apesar dos contrassensos e dicotomias, verificou-se que houve superação no conhecimento e prática profissional que possibilitaram a constituição de uma práxis obstétrica integradora, segura, autônoma, consciente e dentro dos princípios éticos e humanizados na assistência ao parto normal, contribuindo para a construção de novos caminhos para a enfermagem obstétrica. A cultura hegemônica é representada pelo modelo de parto medicalizado e intervencionista, e a mudança para contra-hegemonia institui-se na práxis das enfermeiras obstétricas pautada no princípio de humanização da assistência ao parto e nascimento. Observou-se a incorporação de um modelo centrado nas boas práticas, nas evidências científicas e na redução das intervenções; fruto de uma construção pela formação, prática e apoio institucional. O referencial teórico de Antonio Gramsci elucidou pontos ideológicos, culturais e políticos envolvidos nas relações de hegemonia presentes no conflito de modelos de atenção ao parto, sendo necessária a constituição de um consenso que supere o senso comum para tornar-se dirigente. Os obstáculos da contra-hegemonia referiram-se à demanda de trabalho, falta do enfermeiro generalista, dificuldade de recursos materiais, baixos salários, disputas profissionais e falta de planejamento na implementação das políticas públicas. O papel da enfermeira obstétrica na assistência ao parto normal hospitalar e o uso das tecnologias não invasivas de cuidado constituem possibilidades para a consolidação do movimento contra- hegemônico. A práxis da enfermeira busca um movimento de mudança do modelo obstétrico e emancipação social da profissão que, apesar dos avanços e retrocessos, caminha para valores centrados na democracia efetiva de direitos da mulher superando o modelo hegemônico. A práxis das enfermeiras contribui para modificar o paradigma do modelo obstétrico intervencionista, o que possibilita uma transformação qualitativa no cenário obstétrico, com resgate sobre a fisiologia, o fortalecimento de vínculo, empoderamento da mulher como protagonista, ressignificando o momento do parto. Em sua práxis utilizaram o saber/fazer contribuindo na reformulação do modelo obstétrico atual intervencionista. Constatou-se uma quebra do modelo hegemônico tradicionalmente instituído, e verificou-se que os problemas institucionais, a hierarquia referente aos papéis profissionais e a falta de autonomia das enfermeiras constituem desafios à consolidação de um novo modelo. A pesquisa mostrou-se relevante para a enfermagem obstétrica como alternativa para a superação do modelo intervencionista e a consolidação da práxis da enfermeira obstétrica na assistência humanizada, integradora, sensível, segura e transformadora.
The objective of this research was to analyze the nurse midwives’ praxis in normal childbirth in the context of professional training in the modality of residence, and to discuss whether the nurse midwives’ praxis in the assistance to hospital normal childbirth contributes to a counter- hegemonic transition movement from the hegemonic obstetric model. Qualitative and analytical research, developed with 13 nurse midwives graduated from the residence course in two public maternity hospitals in the city of Rio de Janeiro, Brazil. Approved by the Research Ethics Committee. The data were collected by individual, semi-structured interview, and analyzed through Dialectical Hermeneutics. Considering the analytical bases of the Dialectical Hermeneutics method, the results evidenced ambivalences and contradictions in the nurse midwives’ formation and their interfaces with professional praxis. In spite of the contradictions and dichotomies, it was verified that they exceeded in the professional knowledge and practice, which allowed the constitution of an integrative, safe, autonomous, conscious obstetric praxis within the ethical and humanized principles in normal childbirth assistance, contributing to the construction of new paths for nurse-midwifery. The hegemonic culture is represented by the medicalized and interventionist childbirth model, and the change to counter-hegemony is established in the nurse midwives’ praxis based on the principle of humanization of labor and birth assistance. The incorporation of a model focused on good practices, scientific evidence and reduction of interventions was observed, which resulted from formation, practice and institutional support. The theoretical reference of Antonio Gramsci elucidated ideological, cultural and political points involved in the relations of hegemony present in the conflict among models of childbirth assistance, thus the establishment of a consensus that surpasses common sense to become the ruling element is necessary. The obstacles of the counter-hegemony referred to the work demand, lack of generalist nurse, difficulty in material resources, low salaries, professional disputes and lack of planning in the implementation of public policies. The nurse midwive’s role in the hospital childbirth assistance and the use of non-invasive care technologies are possibilities for consolidating the counter-hegemonic movement. The nurse praxis seeks a movement to change the obstetric model and social emancipation for the profession in such a way that, despite the advances and setbacks, is heading towards values centered on the effective democracy of women’s rights, surpassing the hegemonic model. The nurses’ praxis contributes to modifying the paradigm of the interventionist obstetric model, which allows a qualitative transformation in the obstetric scenario, with the rescue of physiology, bond strengthening, empowering the woman as protagonist, resignifying the moment of childbirth. In their praxis, they used the knowing-doing, contributing to the reformulation of the current interventionist obstetric model. A breakdown of the traditionally established hegemonic model was found, and it was verified that the institutional problems, the hierarchy related to professional roles and the lack of autonomy of nurses represent challenges to the consolidation of the counter-hegemonic model. This research was relevant for nurse- midwifery as an alternative to overcoming the interventionist model and consolidating the nurse midwife’s praxis in humanized, integrative, sensitive, safe and transformative care.
Esta investigación tuvo como objetivos analizar la praxis de las enfermeras obstétricas en el parto normal en el contexto de la formación profesional en la modalidad de residencia y discutir si la praxis de las enfermeras obstétricas en la asistencia al parto normal hospitalario contribuye a un movimiento contra-hegemónico de transición del modelo obstétrico hegemónico. Investigación de naturaleza cualitativa y analítica, desarrollada con 13 enfermeras obstétricas egresadas del curso de residencia en dos maternidades públicas del municipio de Rio de Janeiro, Brasil. Aprobada por el Comité de Ética en Investigación. Los datos fueron recolectados por entrevista individual, semiestructurada y analisados por medio de la hermenéutica dialéctica. Considerando las bases analíticas del método de la hermenéutica dialéctica, los resultados evidenciaron ambivalencias y contradicciones en la formación de las enfermeras obstétricas y sus interfaces con la praxis profesional. A pesar de los contrasos y dicotomías, se verificó que hubo superación en el conocimiento y práctica profesional que posibilitaron la constitución de una praxis obstétrica integradora, segura, autónoma, consciente y dentro de los principios éticos y humanizados en la asistencia al parto normal, contribuyendo a la construcción de nuevos caminos para la enfermería obstétrica. La cultura hegemónica es representada por el modelo de parto medicalizado e intervencionista, y el cambio em dirección a la contrahegemonía se instituye en la praxis de las enfermeras obstétricas pautado en el principio de humanización de la asistencia al parto y nacimiento. Se observó la incorporación de un modelo centrado en las buenas prácticas, en las evidencias científicas y en la reducción de las intervenciones; fruto de una construcción por la formación, práctica y apoyo institucional. El referencial teórico de Antonio Gramsci elucidó puntos ideológicos, culturales y políticos involucrados en las relaciones de hegemonía presentes en el conflicto de modelos de atención al parto, siendo necesaria la constitución de un consenso que supere el sentido común para convertirse en elemento dirigente. Los obstáculos de la contrahegemonía se refirieron a la demanda de trabajo, falta de enfermero generalista, dificultad de recursos materiales, bajos salarios, disputas profesionales y la falta de planificación en la implementación de las políticas públicas. El papel de la enfermera obstétrica en la asistencia al parto normal hospitalario y el uso de las tecnologías no invasivas de cuidado constituyen posibilidades para la consolidación del movimiento contra- hegemónico. La praxis de la enfermera busca un movimiento de cambio del modelo obstétrico y la emancipación social de la profesión de manera que, a pesar de los avances y retrocesos, camina hacia valores centrados en la democracia efectiva de derechos de la mujer superando el modelo hegemónico. La praxis de las enfermeras contribuye a modificar el paradigma del modelo obstétrico intervencionista que posibilita una transformación cualitativa en el escenario obstétrico, con rescate sobre la fisiología, el fortalecimiento de vínculo, empoderamiento de la mujer como protagonista, resignificando el momento del parto. En su praxis utilizaron el saber/hacer, contribuyendo a la reformulación del actual modelo obstétrico intervencionista. Se constató una ruptura del modelo hegemónico tradicionalmente instituido, y se verificó que los problemas institucionales, la jerarquía referente a los papeles profesionales y la falta de autonomía de las enfermeras constituyen desafíos a la consolidación del modelo contra-hegemónico. La investigación se mostró relevante para la enfermería obstétrica como alternativa para la superación del modelo intervencionista y la consolidación de la praxis de la enfermera obstétrica en la asistencia humanizada, integradora, sensible, segura y transformadora.
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