Famílias com doentes internados em unidade de cuidados paliativos
Publication year: 2013
O internamento do doente em cuidados paliativos, pela sua própria natureza de
finitude causa na família grande sofrimento. É um acontecimento que pelo significado
que representa, desencadeia reações e sentimentos, assim como mudanças drásticas
no quotidiano familiar.
Dado a problemática de transição deste processo saúde-doença na vida das pessoas,
propusemo-nos conhecer o contexto de ?famílias com doentes internados numa
unidade de cuidados paliativos?, tendo como objetivos
- Conhecer os sentimentos vivenciados pelas famílias no acompanhamento do doente
internado numa unidade de cuidados paliativos;
- Analisar quais as estratégias que a família mais frequentemente utiliza para
ultrapassar o período de crise;
- Identificar as necessidades das famílias no acompanhamento do doente internado
numa unidade de cuidados paliativos.
Para corporizar o mesmo, realizámos uma pesquisa descritiva com abordagem
qualitativa, na qual participaram oito famílias de doentes adultos com doença terminal.
A colheita de dados foi realizada entre Novembro de 2011 e Fevereiro de 2012 numa
unidade de cuidados paliativos, através de entrevista semiestruturada. Utilizou-se a
Análise Temática de Conteúdo de Bardin.
As dimensões evidenciadas nesta pesquiza, foram:
1 - Evento crítico: Internamento numa UCP e
2 - Ajustamento da família ao evento crítico.
Na 1ª dimensão - os sentimentos mais verbalizados foram: choque, desespero, dor
intensa/sofrimento, tristeza, sensação de perda/luto antecipado.
Foram ainda referidas alterações no quotidiano familiar e sobrecarga financeira face
ao internamento do familiar,
Na 2ª dimensão ? sobressai a forma como a família enfrenta os desafios perante a
doença terminal e as estratégias que desenvolve para atenuar as dificuldades, orientase
para a confiança nos cuidados prestados, participar nesses mesmos cuidados e
acompanhar o familiar em todo o processo de doença e morte. O apoio prestado por
familiares, amigos e pela equipa de saúde é referido pela maioria das famílias, bem
como, a procura de apoio espiritual. Nas expectativas face à doença a família refere a
esperança de uma inversão da situação e um retorno a casa.
As vivências de famílias dos doentes em fase final de vida, apresentam perceções
mais ou menos consensuais em todas as categorias, exceto na comunicação e
informação, que circula sobre o diagnóstico e o prognóstico do doente.
Estas, salientam-se pela conspiração do silêncio, justificada como forma de proteção
ao doente.