Ideação suicida e suporte social nos estudantes da licenciatura de enfermagem em Coimbra
Publication year: 2013
Os comportamentos da esfera suicidária têm aumentado nos últimos anos junto dos
adolescentes e jovens adultos (Sampaio, 1991; Oliveira, Amâncio e Sampaio, 2001;
Almeida, 2006; Borges, 2006; Oliveira, 2006; Sampaio, 2006; Saraiva, 2006; Werlang
e Borges, 2006 e Gonçalves, Freitas e Sequeira, 2011).
Por sua vez, há várias explicações possíveis para estes comportamentos suicidários
crescentes, a perda da coesão social, a degradação da estrutura familiar tradicional, a
crescente instabilidade económica, o desemprego e o aumento da prevalência de
transtornos depressivos (Wasserman, Cheng e Jiang, 2005).
A transição do ensino secundário para o ensino superior é marcada por uma série de
mudanças na vida do estudante cujo impacto depende das características do jovem e
do seu suporte social (Santos e Oliveira, 2001; Pinheiro 2004; Pinheiro e Ferreira,
2005; Santos 2005; Seco et al., 2006 e Gonçalves, Freitas e Sequeira, 2011) e os
estudantes ligados à saúde têm risco mais elevado que os restantes (Meleiro, 1998;
Furegato et al., 2005; Silva et al., 2009; Roberto, 2009 e Pereira, 2013).
O presente estudo visou caracterizar os comportamentos suicidários dos estudantes
de enfermagem e relacioná-los com fatores influenciadores, relativamente aos
comportamentos auto-lesivos e suporte social; comparar as razões de viver entre os
quatro anos de curso, identificar os estudantes de enfermagem quanto ao consumo de
medicação e contribuir com propostas para a prevenção de comportamentos
suicidários.
Desenvolvemos um estudo quantitativo, transversal e descritivo correlacional,
utilizando a Escala de Satisfação com o Suporte social (Pais-Ribeiro, 1999) e o
Inventário de Razões para Viver (Matias, 2012).
Concluímos que o perfil do estudante de enfermagem cerca de 4/5, é do sexo
feminino, com uma média de idades de 20 anos e com irmãos. A maioria reside fora
do concelho de Coimbra e dividem-se entre os que contactam diariamente e
semanalmente a família. Cerca de 5 em cada 100 apresentaram comportamentos da
esfera suicidária, sendo mais frequente no sexo feminino. A toma da medicação é
habitual em 19,47% dos indivíduos da população, mais prevalente nas mulheres, em
que a medicação mais consumida são os ansiolíticos seguidos dos antidepressivos.
Apresentam variações ao longo dos anos sendo as razões para viver e a satisfação
com o suporte social menores no 4º ano comparativamente aos restantes anos.
No final propõem-se medidas de intervenção que passam por identificar situações de
risco e de acompanhamento no sentido de prevenir comportamentos suicidários.