Publication year: 2013
ENQUADRAMENTO:
A insulinização integra o protocolo terapêutico da diabetes
mellitus tipo 2 (DM2), numa fase mais avançada desta patologia. Contudo, parece ser
frequentemente acompanhada de algumas incertezas e dificuldades. Conhecer os
efeitos que esta transição em saúde/doença exerce nas vivências dos idosos
diabéticos poderá contribuir para a melhoria das práticas de enfermagem, no sentido
de promover o bem-estar destes indivíduos e dos sistemas envolventes. OBJETIVO:
Compreender como os idosos diabéticos tipo 2 percecionam a vivência da transição
para a insulinização. MÉTODO:
O estudo realizado enquadra-se num paradigma
qualitativo, de natureza exploratória, utilizando como referencial metodológico a
fenomenologia descritiva. A população alvo foram os idosos diabéticos tipo 2 inscritos
no Hospital de Dia de Diabetes do Centro Hospital e Universitário de Coimbra e na
Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados de Eiras. Recorrendo a uma técnica
não probabilística, de seleção por conveniência, a saturação da informação foi obtida
com entrevistas realizadas a 10 participantes. A análise dessa informação contou com
o recurso do programa informático Nvivo10. RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Para os
idosos diabéticos tipo 2, em estudo, o processo de transição para a insulinização
envolveu algumas dúvidas, medos, incertezas e limitações, mas também representou
a oportunidade de melhoria do seu estado de saúde, conduzindo à perceção da
insulinização como percussora de melhoria da qualidade de vida. As limitações no
quotidiano, com destaque para a alimentação e para o exercício físico, as crenças em
relação à DM2, a DM2 como doença silenciosa e os sentimentos de medo, rejeição,
resignação, tristeza, culpa, entre outros, foram percecionados como fatores
dificultadores da transição. O apoio formal e informal, a expetativa superada, o
sentimento de esperança e o falso conceito em relação à insulina forma percecionados
como facilitares da transição. O apoio dos enfermeiros assumiu maior destaque no
momento da notícia da insulinização, relacionando-se com o ensinar, o instruir e o
treinar a técnica de administração de insulina. Já no período pós insulinização foi o
apoio dos familiares e pessoas significativas que assumiu maior relevância.
IMPLICAÇÕES PARA A PRÁTICA DE ENFERMAGEM:
As evidências revelam que a
insulinização constitui uma transição do processo saúde doença cuja adaptação se
revela num desafio constante para o portador da DM2 e sistemas envolventes. Neste
sentido, é fundamental privilegiar-se uma abordagem multidisciplinar e
multiprofissional envolvendo o idoso diabético, a sua família e/ou pessoas
significativas para a obtenção do máximo sucesso no tratamento.