Cuidados aos utentes no domicílio: A visão dos enfermeiros sobre a realidade da prática

Publication year: 2013

Os países desenvolvidos têm vindo a atravessar nesta última década profundas mudanças no que se refere à sua estrutura demográfica, reclamando uma alteração das políticas de assistência em saúde e de apoio social. Neste cenário, os cuidados domiciliários na comunidade adquiriram destaque, tendo os enfermeiros desenvolvido competências e simultaneamente ganho ?terreno?, podendo assumir-se que existe uma supremacia da profissão neste ambiente de cuidados, salvaguardando no entanto que o trabalho em contexto domiciliário apenas se complementa com uma multiplicidade de conhecimentos de diferentes disciplinas. Neste sentido o objetivo geral da investigação, foi definido por: Perceber que significados atribuem os enfermeiros aos cuidados que executam em contexto domiciliário. Para a realização deste estudo optou-se pelo paradigma de investigação qualitativo, classificando-se este como exploratório e descritivo, com características fenomenológicas. Para o seu desenvolvimento foi constituída uma amostra não probabilística por conveniência, com critérios de inclusão dos participantes e como instrumento de colheita de dados optou-se pela entrevista semi-estruturada, com temas a abordar/questões abertas, tendo-se realizado um total de nove entrevistas. Os aspetos éticos e critérios de rigor científico foram assegurados durante a investigação. No decorrer da análise das entrevistas identificaram-se quatro temas, tendo-se recorrido à constituição de categorias e sub-categorias. Deste modo, para a prestação de cuidados em ambiente domiciliário, os enfermeiros necessitam do desenvolvimento de competências cognitivas, afetivas e técnicas, no sentido da melhoria da qualidade dos cuidados, sendo que no seu quotidiano recorrem a uma eficaz gestão dos sentimentos e emoções, para experienciarem bem-estar emocional. Os constrangimentos ao nível dos recursos e da metodologia de trabalho são uma realidade, influenciando a qualidade dos cuidados e a satisfação dos profissionais. Por último, estes aspetos em conjunto com as parcerias que se estabelecem com os familiares, cuidadores informais e com a rede formal de cuidados possibilitam cuidados holísticos e sistematizados.