Prevenção da violência no namoro: Avaliação do workshop ver, pensar e agir: Projeto (o)usar & ser laço branco

Publication year: 2013

A violência no namoro (VN) constitui uma preocupação crescente enquanto grave problema de saúde mundial, destacando-se pela elevada prevalência e por se assumir um forte preditor da violência nas relações de intimidade futuras. Segundo a OMS (2012), a implementação de programas de prevenção primária deve ser uma prioridade.

Com este estudo pretendemos conhecer a eficácia dos workshops VPA:

Ver-Pensar-Agir, do projecto ?(O)Usar ? Ser Laço Branco? (OSLB) que procura prevenir a VN.

Tivemos como objetivos:

avaliar o efeito dos workshops VPA do projeto OSLB, sobre os conhecimentos das/os adolescentes sobre VN; descrever as práticas das/os adolescentes, perante o conhecimento de situações de VN; identificar os comportamentos de vitimização e perpetração de VN, nas/os adolescentes; e avaliar a importância atribuída pelas/os adolescentes às estratégias utilizadas nos workshops. Foi realizado um estudo quase-experimental. Participaram 89 estudantes do ensino secundário que pertenciam a 4 turmas. A seleção da amostra foi por conveniência.

Foram constituídos dois grupos com duas turmas cada:

grupo intervenção com 48 estudantes (31 rapazes e 17 raparigas) e grupo controlo com 41 estudantes (8 rapazes e 33 raparigas).Os dados foram recolhidos através de questionários concebidos no âmbito do projeto OSLB. Foi efetuado um workshop no grupo intervenção, a quem foi aplicado um questionário antes, imediatamente após e passados 5 meses (follow-up). Ao grupo controlo foi aplicado o mesmo questionário no dia do workshop e passados 5 meses. Foram salvaguardados todos os procedimentos éticos e legais, com parecer favorável da Comissão de Ética da UICISA-E da ESEnfC. Os resultados permitem-nos verificar que as/os adolescentes referem ter conhecimentos sobre a quem recorrer numa situação de VN. O workshop do projeto OSLB foi eficaz para aumentar os conhecimentos das/os participantes após a intervenção, verificando-se a sua manutenção após 5 meses, sendo que as raparigas possuem mais conhecimentos sobre a VN, no pré-teste. Os principais comportamentos quer de vitimização quer de perpetuação são de violência psicológica. A utilização do teatro fórum e a proximidade de idades dos educadores de pares foi considerado pelas/os adolescentes como uma estratégia facilitadora para a sensibilização, comunicação e participação na sessão. Os resultados obtidos convergem com a literatura consultada. A VN é uma realidade para muitos adolescentes, mas é sensível a programas de prevenção primária, de que é exemplo o projeto OSLB. Consideramos que a principal limitação do estudo foi a não randomização da amostra. Sugerimos que os enfermeiros ? em especial os especialistas em saúde materna e obstetrícia - devem procurar desenvolver ou replicar programas de prevenção primária, cuja eficácia seja comprovada, com o objetivo de fomentarem relações de intimidade saudáveis e sobretudo prevenir a VN.