Preparação do regresso a casa: Dificuldades da família na continuidade de cuidados

Publication year: 2013

Na prática de cuidados continuados existe grande preocupação em promover a autonomia dos indivíduos em situação de dependência e em reforçar as capacidades da família para lidar com estas situações. Quando a família assume os cuidados do seu familiar no domicílio, na maioria das vezes, demonstra dificuldades em prestar cuidados e tenta encontrar alternativas, das quais, a mais frequente é o reinternamento hospitalar sucessivo e o recurso à institucionalização. Assim, surge este estudo subordinado ao tema: Preparação do regresso a casa – dificuldades da família na continuidade de cuidados. Esta investigação tem como objetivo principal compreender as dificuldades do familiar cuidador na continuidade de cuidados do utente no regresso a casa. Com este fim realizou-se uma pesquisa qualitativa sendo que os dados foram analisados com recurso ao método fenomenológico adotado por Giorgi (1985). Para a colheita dos dados recorreu-se à entrevista semiestruturada a seis familiares, cuidadores principais de utentes com alta programada de uma unidade de cuidados continuados para o domicílio.

A partir da identificação das declarações significativas emergiram como categorias principais:

as dificuldades na continuidade de cuidados; os fatores facilitadores no regresso a casa, na continuidade de cuidados e as vivências do familiar cuidador. Sendo os enfermeiros os principais intervenientes na rede de cuidados continuados, através dos ensinos, do apoio, da disponibilidade proporcionados ao utente e da promoção na participação nos cuidados, estes tendem a garantir confiança nos profissionais e possibilitaram a construção de cuidadores informais preparados para a alta. Ao compreendermos quais as dificuldades da família neste processo importante das suas vidas, com todas as repercussões que esta situação envolve, esperamos contribuir para uma melhor compreensão do cuidador, da prática profissional dos enfermeiros que se demonstra serem elementos pivô deste processo e ainda colaborar no desenvolvimento do conhecimento em enfermagem. Neste sentido podemos sugerir a criação de equipas que acompanhem os cuidadores no domicílio e que sejam detentores de uma rede de apoio via telefone ou internet para colocarem as questões e problemas que surjam. Considera-se importante potenciar os fatores facilitadores que são os ensinos, a participação nos cuidados e o apoio dos profissionais, bem como desdramatizar as situações, ajudar a ultrapassar as respostas desfavoráveis das famílias, apoiar e acompanhar os cuidadores na sua capacidade de resistência durante todo o percurso que poderá ser duradouro.