Cuidar no serviço de urgência na presença de acompanhantes
Publication year: 2012
No âmbito dos cuidados de saúde em Portugal, os serviços de urgência continuam a ser a principal porta de entrada do Serviço Nacional de Saúde (SNS). Neste contexto os doentes que, de um modo geral, a eles afluem vivenciam momentos de grande fra-gilidade, sentimentos de insegurança, ansiedade e angústia. Assim, a presença de um acompanhante pode ter significativa importância não só na segurança e bem-estar do doente e família, mas também pode ter reflexos positivos no trabalho dos profissionais.
Parece ser consensual que este acompanhamento é vantajoso para os doentes e seus familiares. E para os profissionais de saúde, qual será a sua perspectiva? No sentido de obter resposta a esta questão, o presente estudo pretende conhecer e compreen-der as vivências dos enfermeiros de um serviço de urgência da região centro, relati-vamente ao cuidar na presença de acompanhantes. Compreender as preocupações e motivações dos profissionais de enfermagem, adveio da recente alteração da legisla-ção com a Lei nº 33 de 14 de Julho de 2009, que concede o direito de acompanha-mento a todo o cidadão admitido num serviço de urgência.
Atendendo à natureza do fenómeno em estudo e ao facto de se tratar de uma temática pouco explorada, optou-se por um estudo de natureza qualitativo com abordagem fenomenológica. A recolha de informação, decorreu de Fevereiro a Maio de 2011 e foi realizada através da entrevista semi-estruturada, com recurso a gravação áudio. Os participantes foram seleccionados de forma intencional, com base no princípio da satu-ração de dados, perfazendo um total de oito enfermeiros. O método de análise da informação, decorreu de acordo com as etapas processuais de Colaizzi, que preconiza a validação das descrições mediante o retorno aos participantes.
Neste estudo emergiram quatro temas, que se dividiram em vários subtemas, que se revelaram igualmente importantes para a compreensão do fenómeno em estudo. Esses temas foram, os factores facilitadores e constrangedores que interferem com o cuidar, as estratégias desenvolvidas pelos enfermeiros para fazer face a alguns dos constrangimentos encontrados, os dilemas ético deontológicos daí decorrentes e as emoções vividas pelos enfermeiros face a esta mudança introduzida na prática do cui-dar.Na discussão dos achados foi confrontada a opinião dos participantes com autores referenciados, o que revelou que a mesma, na maioria das vezes é corroborada pelos autores.
Fundamentadas nos achados deste estudo, apresentamos algumas sugestões no âmbito da prática, de formação, de investigação e de gestão, que acreditamos possam ser um incentivo à reflexão e também um contributo para a melhoria dos cuidados de enfermagem.