Motivação para a amamentação: Estudo de fatores predisponentes
Publication year: 2013
Apesar de o leite materno ser uniformemente aceite como o alimento mais completo e
efetivo para assegurar a saúde do bebé, além dos claros benefícios para a mãe (OMS,
1991, 1992, 2002, 2004; Meyers, 2009), verifica-se que a taxa de amamentação do
nosso país está ainda longe da pretendida (DGS, 2004a, 2004b; Orfao, Santos e
Magalhães, 2013). Vários estudos (Mozingo et al., 2000; Gill, 2001; Galvão, 2003;
Marinho e Galvão, 2003; Leal, 2004, 2005; Cardoso, 2006; Maia, 2007; Pinto, 2008;
Bértolo e Levy, 2008) têm tentado determinar os fatores relacionados com este
insucesso, ainda que poucos se centrem diretamente na influência da motivação (Nelas,
Ferreira e Duarte, 2008, 2011; Takushi et al., 2008; Stockdale et al., 2008).
O objetivo geral deste estudo é então conhecer alguns fatores associados à “Motivação
para a amamentação” das puérperas do Hospital dos Lusíadas (HPP- HL), às 48h pósparto. Realizou-se nesse sentido um estudo quantitativo, descritivo-correlacional, com a
aplicação de um questionário sociodemográfico, obstétrico, clínico e contextual, que
incluiu uma adaptação traduzida da escala “Breastfeeding Motivacional Instructional
Measurement Scale (BMIMS)” (Stockdale et al., 2008). Participaram 106 puérperas
selecionadas por amostragem não probabilística acidental (Fortin, 2009), entre 2 de
janeiro e 30 de setembro de 2012.
Os resultados indicam valores moderadamente elevados de motivação para a
amamentação, com perceção da importância da mesma, mas também da sua
complexidade e da necessidade de apoio próximo e contínuo por parte dos profissionais
de saúde. Verificou-se que a motivação para a amamentação é influenciada pelo número
de consultas e formação/informação sobre amamentação recebida durante a gravidez.
Verificou-se ainda relação entre o aleitamento materno exclusivo às 48h e a expectativa
de sucesso. O contacto pele-a-pele e a amamentação na 1.ª hora pós parto apresentam
uma tendência para se correlacionarem com a motivação para a amamentação, em
especial com a perceção de suporte das enfermeiras.
Estes resultados contribuem para uma melhor compreensão dos fatores associados à
motivação para a amamentação, fornecendo resultados para programas de intervenção,
contribuindo assim para a melhoria dos índices nacionais de prevalência desta prática,
bem como para o início da validação de um instrumento internacionalmente
reconhecido, que apresentou boas propriedades psicométricas.