Tecidos de poliéster e suas implicações para confecção de jalecos
Polyester cloths and their implications for making white coats
Publication year: 2019
A literatura científica reporta a contaminação microbiana dos jalecos utilizados por profissionais da saúde, no entanto não há consenso relacionando seu uso com a redução da exposição microbiana por risco ocupacional. O objetivo desta pesquisa foi avaliar tecidos de poliéster (oxford e microfibra) utilizados na confecção de jalecos, quanto à função de barreira física contra fluido e bactérias, nas perspectivas e desafios do controle de infecção na área da saúde. Trata-se de um estudo do tipo experimental / laboratorial in vitro realizado em três etapas. Na primeira etapa, os tempos de passagem do fluido através dos tecidos foram cronometrados e registrados em segundos desde o início do escoamento do fluido até as formações e quedas das últimas gotas. Na segunda etapa (microbiológica), inóculos padronizados das bactérias padrão de Staphylococcus aureus (ATCC 25923) e Pseudomonas aeruginosa (ATCC 27853) foram adicionadas ao fluido. Decorrida a passagem do fluido através dos tecidos, alíquotas de 50µL in natura e diluídas (10-1 a 10-5) foram semeadas na superfície de placas de Petri (60x15mm) com meios de cultura seletivos, incubadas a 37°C por 24h e o número de unidades formadoras de colônia das bactérias expresso por mililitro do fluido (UFC/mL). Na terceira etapa, as características estruturais dos tecidos e a retenção bacteriana foram analisadas por meio de microscopia eletrônica de varredura (MEV). Os dados obtidos foram submetidos aos testes de normalidade (Kolmogorov-Smirnov e Shapiro-Wilk) e, posteriormente, ao teste de U de Mann-Whitney por meio do software IBM SPSS Statistics (versão 25) e nível de significância ?=5%. A comparação entre as medianas dos tempos de passagem do fluido através dos tecidos de oxford e microfibra demonstrou diferença estatisticamente significante (p<0,001) independente das variáveis envolvidas (tecidos limpo ou limpo e passado, e tecidos autoclavado ou não autoclavado). Na etapa microbiológica, não foi observada diferença entre as medianas das cargas bacterianas dos tecidos de oxford e microfibra após a passagem do fluido com S. aureus (p=0,056) e P. aeruginosa (p=0,320). As análises por MEV permitiram evidenciar estruturas com formas irregulares e de cristal, bem como espaços (macroporos) entre os fios dos tecidos de oxford, que permitiram um menor tempo de passagem do fluido através do tecido. No entanto, não foi constatada a presença bacteriana na superfície dos tecidos. Em conclusão, diante dos dois tipos de tecidos utilizados na confecção de jalecos, o de microfibra apresentou maior tempo de passagem do fluido comparado ao de oxford, em decorrência das diferenças estruturais desses tecidos. Entretanto, a função de barreira física bacteriana após a passagem do fluido através dos tecidos não foi observada, o que reforça a necessidade de substituição do jaleco quando esse entra em contato com fluidos biológicos, visando à biossegurança: controle de contaminação/infecção na área da saúde
Scientific literature reports contamination of white coats used by health professionals, but there is not a consensus relating its usage to reduction of microbial exposure by occupational risk. The objective of this study was to evaluate Oxford and microfiber cloths used for making white coats, regarding its function as physical barrier to fluid and bacteria, in perspectives and challenges of infection control in health field. It is an in vitro experimental / laboratory study carried out in three stages. In the first stage, fluid passage times through the pieces of cloths were measured and registered in seconds since the beginning of fluid flow until formations and falls of the last drops. In the second stage (microbiological), standardized inocula of standard bacteria of Staphylococcus aureus (ATCC 25923) and Pseudomonas aeruginosa (ATCC 27853) were added to the fluid. After the passage of fluid through the pieces of cloths, in natura and diluted 50µL aliquots (10-1 to 10-5) were seeded on the surface of Petri dishes (60x15mm) with selective culture mediums, incubated at 37°C for 24h and the number of colony forming units of bacteria expressed by milliliter of fluid (CFU/mL). In the third stage, structural characteristics of cloths and bacterial retention were analyzed through scanning electron microscopy (SEM). The obtained data were submitted to normality tests (Kolmogorov-Smirnov and Shapiro-Wilk) and, later, to Mann-Whitney U test through IBM SPSS Statistics (version 25) software and ?=5% significance level. Comparison between medians of the fluid passage time through oxford and microfiber cloths showed statistically significant difference (p<0.001) independent of the involved variables (clean or clean and ironed cloths, and autoclaved or non-autoclaved cloths). In the microbiological stage, difference was not observed between medians of bacterial loads of Oxford and microfiber cloths after the passage of the fluid with S. aureus (p=0.056) and P. aeruginosa (p=0.320). The analyses by SEM allowed evidence structures with irregular and crystal shapes as well as gaps (macropores) between the threads of pieces of Oxford cloth, that allowed a shorter fluid passage time through the cloth. However, bacterial presence on the surface of cloths were not noticed. In conclusion, before the two types of cloths used for making white coats, the microfiber one presented longer fluid passage time compared to the Oxford one, due to the structural differences of these cloths. However, the functionality as bacterial physical barrier after fluid passage through the pieces of cloths were not observed, which reinforces the need to replace the white coat when it comes in contact with biological fluids, aiming at biosafety: contamination/infection control in health field