Respostas humanas e ajustamento psicossocial da pessoa sujeita a transplante cardíaco

Publication year: 2013

As doenças crónicas, nomeadamente as do foro cardíaco, apresentam-se como uma das principais causas de morte no mundo ocidental, constituindo um peso significativo, quer em termos financeiros quer em termos emocionais, para toda a sociedade. A transplantação cardíaca é atualmente, um tratamento que permite ao doente com doença cardíaca terminal ver a sua expetativa de vida aumentada e a sua qualidade de vida melhorada.

Objetivos:

Descrever o processo de ajustamento psicossocial da pessoa sujeita a transplante cardíaco, caraterizando-o nos domínios da Orientação para os Cuidados de Saúde, Ambiente Doméstico, Relacionamento Sexual, Relacionamento com a Família Alargada e Perturbações Psicológicas. Avaliar a presença de sintomatologia depressiva e ansiosa.

Método:

Estudo de natureza descritiva com recurso aos seguintes instrumentos de avaliação: 1) Questionário Sociodemográfico e Clínico, preenchido através de entrevista; 2) Escala de Ansiedade e Depressão (HADS) de autoavaliação; 3) Escala de Ajustamento Psicossocial à Doença (EAPD) de autoavaliação. Amostra, com recurso a técnica consecutiva durante 12 meses, constituída por 15 indivíduos, 13 homens e 2 mulheres, com idades compreendidas entre os 37 e os 72 anos, que foram sujeitos a transplante cardíaco, num Hospital Universitário Central. Foram realizados dois momentos de avaliação, o primeiro ao 5º dia de pós-transplante e o segundo, no dia em que a pessoa, após alta hospitalar, realizou a segunda biópsia endomiocárdica.

Resultados:

A maioria dos elementos da amostra apresentou um bom ajustamento psicossocial à sua doença. No conjunto dos domínios considerados o Relacionamento com a Família Alargada revelou-se com o resultado mais positivo, seguido da Orientação para os Cuidados de Saúde e Perturbações Psicológicas. Este estudo revela ainda, que, o ambiente Doméstico e o relacionamento Sexual são os domínios onde o ajustamento esteve mais dificultado. Os participantes deste estudo não apresentaram sintomatologia ansiosa ou depressiva.

Conclusões:

Após uma importante transição de saúde, como esta que as pessoas vivem, após realizar um transplante de coração, o ajustamento psicossocial desenvolve-se de forma desigual nos vários domínios da vida, devendo ser dada atenção a este processo e disponibilizar recursos adequados às necessidades.