Planejamento reprodutivo no mundo vivido do ser-aí--mulher-militar-profissional-da-área-da-saúde do Corpo de Bombeiros

Publication year: 2017

A mulher está inserida em profissões tradicionalmente consideradas masculinas desde o século XX e o Serviço Militar Brasileiro é uma delas. Nas políticas públicas de saúde da mulher, o trabalho e o planejamento de vida podem ter particularidades para a reprodução. O planejamento reprodutivo, mediado por enfermeiros e médicos, fortalece os direitos sexuais e reprodutivos e contribui para a prática sexual saudável. O estudo objetivou desvelar o movimento existencial de mulheres militares profissionais de saúde do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro no vivido do planejamento reprodutivo e a abordagem analítica/compreensiva foi sustentada pela fenomenologia heideggeriana. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Escola de Enfermagem Anna Nery/Instituto de Atenção à Saúde São Francisco de Assis/Universidade Federal do Rio de Janeiro (parecer n° 1.310.355). Participaram 21 mulheres militares da equipe de saúde do CBMERJ da região Norte/Noroeste Fluminense do Rio de Janeiro da Odontoclínica, Policlínica e do Grupamento de Socorro de Emergência. A coleta de dados ocorreu por entrevista na modalidade fenomenológica com questões orientadoras e discurso aberto audiogravado e transcrito. A análise possibilitou construir a historiografia, a historicidade, cinco Unidades de Significação, a compreensão vaga e mediana, o fio condutor e a hermenêutica heideggeriana. Foi significado o planejar ser mãe, a decisão em não ter filhos e a gestação não planejada, relacionando a vida cotidiana, laboral e o seu mundo vivido sendo-com os outros ao seu redor. Foram desvelados os sentidos do ser-aí e da autenticidade, quando a mulher decide o que quer; do ser-aí-com, quando conta com outros seres-aí; da ocupação, quando revela o mundo das atividades diárias; da inautenticidade, quando diz que também tem medo de engravidar sem se planejar; do falatório escutado e falado sobre ser mulher e/ou mãe e sobre os problemas da gestação; e da ambiguidade quando a mulher deseja ser mãe mas se surpreende ao estar grávida. Das 21 entrevistadas, 14 responderam que realizam o planejamento reprodutivo, entretanto em alguns depoimentos a ação de planejar se deu após uma gestação não planejada.

Em outras facetas foram desveladas:

não ter filhos e a planejar ser mãe. Para o ato de planejar é necessário compreender o planejamento reprodutivo, que situou a mulher de forma livre, com ou sem companheiro, possibilitando o direito de escolha. As profissionais de saúde podem se planejar, cuidando delas mesmas e de outras mulheres. O vivido do planejamento reprodutivo, extravasou a dimensão do ser militar, não apresentando diferenças entre elas, seres sociais. A corporação, serviço público, teve aspectos positivos revelados: período maior de licença maternidade, de amamentação e de direitos respeitados. Foi possível considerar que as ações de saúde das mulheres militares também sejam incluídas nas políticas públicas e discutidas pelos comandantes das unidades. Os enfermeiros têm a possibilidade e a responsabilidade de disponibilizar o planejamento reprodutivo para que as mulheres se apropriem dele e planejem a vida de acordo com as suas vontades. Esse planejamento ainda é confundido com o familiar, porém o reprodutivo vai além da perspectiva de concepção e contracepção.
Women are inserted in professions traditionally considered masculine since the 20th century and the Brazilian Military Service is one of them. In public politics for women’s health, work and life planning may have particular characteristics for reproduction. Reproductive planning, mediated by nurses and doctors, strengthens sexual and reproductive rights and contributes to healthy sexual practice. The study aimed to unveil the existential movement of military women health professionals from the Military Fire Department of the State of Rio de Janeiro in the experience of reproductive planning and the analytical/comprehensive approach was supported by Heidegger’s phenomenology. The research was approved by the Research Ethics Committee of the Anna Nery School of Nursing/São Francisco de Assis Health Care Institute/Federal University of Rio de Janeiro (opinion n° 1.310.355). Twenty-one military women from the CBMERJ health team from the North/Northwest Fluminense region of Rio de Janeiro participated in the Ontological clinic, Polyclinic and Emergency Relief Group. Data collection occurred through interviews in the phenomenological modality with guiding questions and audio-recorded and transcribed open speech. The analysis made it possible to build historiography, historicity, five Units of Meaning, vague and median understanding, the common thread and Heidegger’s hermeneutics. It meant planning to be a mother, the decision not to have children and unplanned pregnancy, relating daily life, work and the world lived by being-with others around you. The meanings of being-there and authenticity were unveiled, when the woman decides what she wants; of the being-there-with, when it counts on other beings-there; of occupation, when it reveals the world of daily activities; of inauthenticity, when she says she is also afraid of getting pregnant without planning; the talk heard and spoken about being a woman and/or a mother and about the problems of pregnancy; and the ambiguity when a woman wants to be a mother but is surprised to be pregnant. Of the 21 interviewees, 14 responded that they carry out reproductive planning, however in some statements the action of planning took place after an unplanned pregnancy.

Other facets were revealed:

not having children and planning to be a mother. For the act of planning, it is necessary to understand reproductive planning, which placed the woman freely, with or without a partner, enabling the right to choose. Health professionals can plan, taking care of themselves and other women. The experience of reproductive planning went beyond the dimension of being a military, not presenting differences between them, social beings. The corporation, a public service, had positive aspects revealed: longer period of maternity leave, breastfeeding and respected rights. It was possible to consider that the health actions of military women are also included in public politics and discussed by the commanders of the units. Nurses have the possibility and the responsibility to make reproductive planning available so that women can take ownership of it and plan their lives according to their wishes. This planning is still confused with the familiar, but the reproductive one goes beyond the conception and contraception perspective.