Higiene oral na pessoa com doença hemato-oncológica a realizar quimioterapia
Publication year: 2012
A mucosite oral é um dos principais efeitos secundários da administração de
quimioterapia, com impacto a nível físico, a nível do bem-estar psicológico e
consequentemente da qualidade de vida. Sendo a higiene oral a principal forma de a
prevenir e/ou de a minimizar, definimos como objectivos desta investigação identificar
a importância que a pessoa com doença hemato-oncológica a realizar quimioterapia
atribui aos cuidados de higiene oral e identificar a importância que a pessoa com
doença hemato-oncológica a realizar quimioterapia atribui aos ensinos realizados
pelos enfermeiros sobre higiene oral.
A amostra é constituída por 58 sujeitos com doença hematológica a realizar
quimioterapia, internados num serviço de um hospital central. Foi delineada uma
investigação de natureza exploratória, transversal e correlacional, e uma metodologia
quantitativa de recolha e análise de dados. O instrumento de colheita de dados foi
construído pela autora, dividindo-se em duas partes. Uma primeira parte, relativa aos
dados sócio-demográficos e clínicos e, uma segunda parte, em que são colhidos
dados relativos aos comportamentos de higiene oral e ensinos recebidos.
Os resultados obtidos permitem-nos constatar que a pessoa com doença hematooncológica
atribui importância à realização da higiene oral e atribui, também,
importância aos ensinos recebidos sobre higiene oral. Contudo, nem todos os
participantes referem ter tido ensinos sobre higiene oral, apenas pouco mais de
metade da amostra refere que os recebeu.
Verificamos que a situação de doença mudou as práticas de cuidados de higiene da
boca, fazendo-o de forma mais correcta, mas ainda não de forma adequada, uma vez
que houve uma melhoria substancial na higienização da boca entre o antes e o
durante a situação de doença, quer com o aumento dos participantes que higienizam a
boca quer na forma como o fazem. Mais participantes referem que realizam mais
comportamentos correctos durante a situação de doença que antes, havendo um
maior número de participantes que realizam três e quatro comportamentos correctos
de higiene oral.
Relativamente aos factores que poderiam influenciar a importância atribuída à higiene
oral não nos foi possível encontrar esses factores de entre as variáveis estudadas.
No que diz respeito ao número de comportamentos correctos de higiene oral durante a
situação de doença verificamos que as variáveis que parecem influenciar o número de
comportamentos correctos de higiene oral durante a situação de doença sãohabilitações literárias, tempo de diagnóstico, diagnóstico, internamentos anteriores e
realização de tratamentos anteriores de quimioterapia.
No que diz respeito a outros comportamentos saudáveis para prevenir e/ou minimizar
a mucosite oral constatamos que menos de metade dos participantes refere evitar
alguns alimentos ou bebidas que possam ser agressivos à mucosa oral, metade dos
participantes hidrata os lábios e a quase totalidade dos participantes refere não ser
fumador.
Apesar da dimensão reduzida da amostra e da dificuldade em encontrar estudos nesta
área, consideramos que esta investigação permite enriquecer uma área de
conhecimentos não desenvolvida, permite planear intervenções que possam resolver
os problemas encontrados e sensibilizar todos os enfermeiros que cuidem de pessoas
com doença hemato-oncológica a realizar quimioterapia, mas também todos os
enfermeiros que cuidem de pessoas com doença oncológica a realizar quimioterapia.