Publication year: 2011
O conhecimento que a enfermeira detém de si própria, enquanto pessoa que cuida de
outros numa determinada fase de transição das suas vidas, torna-se crucial para estimular o
desenvolvimento da relação empática que visa o processo de cuidar. Assim, é importante
que a mesma tenha consciência daquilo que a afecta no cuidar do outro, não só as
eventuais implicações profissionais mas também pessoais, que conheça quais as suas
dificuldades e limitações e ainda quais os seus pontos fortes, em todo este envolvimento.
Neste contexto, o presente trabalho tem como tema “Vivências das enfermeiras que
cuidam mulheres com diagnóstico de cancro da mama em fase avançada”, e teve
como objectivo geral conhecer as vivências das enfermeiras que cuidam mulheres com
diagnóstico de cancro da mama em fase avançada no primeiro internamento hospitalar.
Foram nossos objectivos específicos:
identificar os sentimentos e as emoções das
enfermeiras que cuidam destas mulheres e ainda identificar as suas reacções e os seus
mecanismos de defesa; com vista a conhecer as estratégias e os recursos que utilizam,
bem como as necessidades que sentem no cuidar das mulheres; percebendo se as
enfermeiras identificam factores que facilitam ou dificultam a relação que estabelecem no
cuidar; compreendendo se as mesmas consideram que as suas vivências (pessoais e
profissionais) interferem no cuidar das mulheres, e como este influencia a sua vida pessoal.
Foi adoptada a metodologia qualitativa com orientação fenomenológica, tendo-se
seleccionado intencionalmente sete enfermeiras da Unidade de Internamento do Serviço de
Ginecologia de um Hospital Central. A colheita de informação foi efectuada através de
entrevistas semi-estruturadas, realizadas no período de Agosto a Setembro de 2010.
Os dados foram analisados tendo por base o Método de Colaizzi segundo Sanders (2003),
de onde emergiram dezasseis temas, nos quais assenta a estrutura das vivências das
enfermeiras. Estes englobam aspectos relacionados com as mulheres:
os motivos porque
recorrem tarde aos cuidados de saúde, as suas características pessoais, a situação clínica,
a sua responsabilidade pela situação de doença e ainda os seus familiares. Por outro lado,
encontra-se a responsabilidade dos profissionais de saúde, os recursos do serviço, o
ambiente de trabalho e as singularidades das próprias enfermeiras como: as suas
características e vivências pessoais, a experiência profissional, os sentimentos, as
reacções, as estratégias e os mecanismos de defesa que utilizam, as necessidades que
sentem e o impacto que sofrem na sua vida pessoal