Publication year: 2012
A comunicação assume-se como um instrumento fundamental na prestação de cuidados
de enfermagem, pelo que os futuros profissionais devem adquirir e desenvolver competências
comunicacionais ao longo da sua formação académica.
Este estudo procura responder à questão:
Que competências comunicacionais mobilizam
os estudantes do Curso de Licenciatura em Enfermagem (CLE) na primeira experiência
de ensino clínico (EC) e qual a possibilidade de estas serem influenciadas por variáveis
sócio-demográficas (idade, género, nacionalidade e residência em tempo lectivo) e
académicas (acesso ao ensino superior, opção pelo CLE, nota de candidatura, regime
de frequência, sucesso escolar e satisfação com o CLE)? Os objectivos delineados
pretendem identificar e discutir: i) a influência destas variáveis na mobilização daquelas
competências; ii) a importância atribuída pelos estudantes às competências relacionais de
ajuda que mobilizaram; iii) a avaliação dos docentes supervisores dos EC’s (assistentes
convidados do estabelecimento de ensino) relativamente às competências comunicacionais
mobilizadas pelos estudantes; iv) a relação entre a percepção dos estudantes e a
perspectiva avaliativa dos docentes supervisores; v) eventuais lacunas formativas dos
estudantes neste domínio. Recorreu-se à auto-avaliação dos estudantes, utilizando-se
o Inventário de Competências Relacionais de Ajuda (ICRA) e à avaliação dos docentes
supervisores relativamente aos estudantes, utilizando-se a Escala de Avaliação da Comunicação
Interpessoal (ICAS). O instrumento de recolha de dados integrou ainda um
questionário sócio-demográfico e académico.
A amostra do estudo é constituída por 148 estudantes da Escola Superior de Enfermagem
de Coimbra (ESEnfC) que realizaram o seu primeiro EC de Fundamentos de Enfermagem
no 2º semestre do ano lectivo 2010-2011. A abordagem de investigação é quantitativa,
de âmbito descritivo-correlacional e de natureza transversal. Da análise dos dados
ressalta que apenas a variável sucesso escolar influencia o desenvolvimento daquelas
competências; que os estudantes percepcionam de forma positiva as competências que
mobilizaram (atribuindo uma pontuação média de 5,63 à sua importância, escala de Likert
de sete pontos) enquanto os docentes supervisores as avaliam no limiar da positividade
(atribuindo-lhes uma pontuação média de 2,80, escala de Likert de quatro pontos). Da
análise efectuada concluiu-se existir algum défice formativo dos estudantes ao nível das
suas competências de comunicação.