Satisfação dos imigrantes chineses com os cuidados de saúde primários
Publication year: 2013
Desde a sua criação, que remonta ao início da década de 70, que os cuidados de saúde
primários representam a porta de entrada para o sistema de saúde português. Mais
recentemente, um dos maiores desafios da reforma destes serviços tem-se centrado na
obtenção de mais e melhores cuidados para os seus cidadãos. Este feito é conseguido pelo
aumento da acessibilidade, proximidade e qualidade dos serviços que é passível de ser
mensurado através do nível de satisfação expresso pelos seus utilizadores,
independentemente das caraterísticas que assumam.
O principal objetivo desta investigação foi determinar a satisfação dos imigrantes com os
serviços de saúde portugueses, nomeadamente da população chinesa imigrante e residente
em Portugal, com respeito à utilização dos Cuidados de Saúde Primários.
Neste sentido, procedeu-se a um estudo de carácter descritivo correlacional e de corte
transversal, com uma abordagem quantitativa, numa amostra de 35 utentes chineses
inscritos no Centro de Saúde Fernão Magalhães (ACES Baixo Mondego I/ARSC). Esta
amostra, selecionada de forma consecutiva e mediante autorização da coordenação do
referido ACES, revelou ser maioritariamente constituída por elementos do género feminino
(54,3%), com uma média de idades situada nos 34 (± 9,06) anos, e casados (80,0%). A
satisfação com respeito aos cuidados de enfermagem foi determinada com recurso ao
SUCECS26 (Ribeiro, 2003) e a referente ao seu médico de família e seu centro de saúde foi
avaliada através do Europep- v2 (Ferreira et al., 2011), tendo ambos os instrumentos sido
submetidos a um prévio processo de tradução para a língua mandarim.
Os resultados permitiram concluir que os inquiridos, na sua grande maioria (74,3%), se
encontravam satisfeitos com os cuidados de enfermagem, dado ter sido esse o nível
encontrado em todas as dimensões do SUCECS26. Ainda assim, nesta área, revelaram-se
mais satisfeitos com “Qualidade na assistência” e menos satisfeitos com as dimensões
referentes à “Promoção do elo de ligação” e “Formalização da informação”. No que respeita
à satisfação com o seu médico de família e o seu centro de saúde, também se verificou que
a grande maioria (71,4%) dos inquiridos se encontrava globalmente satisfeita; tendo esse
nível sido mais evidente na dimensão “Relação e comunicação”, onde se revelaram mais
satisfeitos (77,2%) e menos evidente na dimensão “Organização dos serviços”, onde se
manifestaram menos satisfeitos (48,6%).