Publication year: 2012
Durante o ciclo vital as pessoas vivenciam períodos de transição, que são definidos como uma mudança na condição de saúde, nas relações, expectativas, habilidades, requerendo por isso que os indivíduos incorporem novos conhecimentos, modifiquem comportamentos e, portanto alterem a definição do self num novo contexto social. A cirurgia pode ser assim classificada como uma transição. Desta forma, um dos grandes desafios para os enfermeiros é assistir as pessoas durante os processos de transição, sendo um desses processos o período perioperatório.
Este estudo pretende investigar o tema:
VIVENCIAR A CIRURGIA “UMA TRANSIÇÃO”: DA INFORMAÇÃO PRESTADA ÀS NECESSIDADES RELATADAS, e tem como, objectivo conhecer a informação fornecida no pré-operatório, a importância atribuída à necessidade de informação e o conhecimento expresso pelos doentes do foro cirúrgico, relativamente à transição que vivencia.
O percurso metodológico utilizado foi a abordagem quantitativa, de carácter exploratório, descritivo e comparativo. Recorrendo a uma amostra não probabilística acidental de 80 doentes do foro cirúrgico de duas instituições públicas, HVS e HFZ, realizando uma análise comparativa dos factos em análise entre as amostras de cada instituição. Como instrumento de recolha de dados recorreu-se ao uso de um questionário.
Relativamente às conclusões na Informação prestada ao doente cirúgico, as quatro dimensões que se destacam com maiores indíces são: avaliação pré-operatória, preparação física, jejum e sensações associadas ao primeiro levante. Ao nível das Necessidades de Informação destacam-se as mesmas dimensões que os doentes cirúrgicos apontaram como as mais importantes para serem informados. No que diz respeito à categoria Conhecimento do doente cirúrgico verificamos que as dimensões que se destacam são nomeadamente:
preparação física, assistência no BO, sensações associadas ao primeiro levante e efeitos da medicação.
Concluímos também, que o conhecimento do doente cirúrgico pode variar de acordo com o nível sócio-económico, pois classes sociais mais baixas apresentam menores níveis de conhecimento e doentes que pertencem a classes sociais mais elevadas possuem maiores níveis de conhecimento, contudo, a idade e o género não foram evidenciados como influenciadores da vivência em curso.
Salientamos ainda o facto que quanto mais a informação prestada ao doente cirúrgico, maior a necessidade de informação que este relata, ou seja, podemos dizer que quanto mais o doente sabe acerca da transição que está a vivenciar maiores são as suas necessidades de informação, sendo que o nível de conhecimento do doente varia com a quantidade de informação prestada.