Áreas de risco para a ocorrência de hanseníase e sua relação com os determinantes sociais em município da região de fronteira Brasil, Paraguai e Argentina
Areas of risk for the occurrence of leprosy and its relation to social determinants in a municipality in the border region between Brazil, Paraguay and Argentina
Publication year: 2019
A Hanseníase ainda é um problema para a saúde pública e um desafio para os países endêmicos, principalmente em regiões de fronteira, onde o fluxo migratório é intenso. O estudo tem como objetivo identificar as áreas de risco para a ocorrência da hanseníase e verificar sua relação com os determinantes sociais em Foz do Iguaçu-PR. Estudo ecológico que considerou os casos novos de hanseníase notificados no município de Foz do Iguaçu no período de 2003 a 2015 e as unidades de análise foram os setores censitários urbanos. Foi realizada análise descrita dos casos novos. Em sequência, para a identificação das áreas de risco para a ocorrência da hanseníase utilizou-se a Estatística de varredura espacial e espaçotemporal e para identificação das áreas de risco para incapacidades, recorreu-se a varredura espacial e ao Estimador de intensidade Kernel. A investigação da dependência espacial foi verificada através do Moran Global, Getis-Ord G e Gi*. O Índice de Moran Bivariado Global (IMBG), Regressão por Mínimo Quadrados (OLS) e Regressão Geograficamente Ponderada (GWR) foi utilizada para verificar a associação dos determinantes sociais e o risco de adoecimento por hanseníase. Foram notificados 840 casos, onde a taxa de detecção de casos novos em homens foi 25,6/100.000 hab. e 24,9/100.000 hab. para mulheres, houve predomínio da raça/cor amarela (78,6/100.000 hab.), faixa etária >=60 anos (71,5/100.000 hab.) e ensino fundamental incompleto (60/100.000 hab.). As áreas de risco para a hanseníase e incapacidade grau 2 se concentraram no Distrito Sanitário Sul, Leste, Norte e Nordeste do município; regiões estas, caracterizadas por alta densidade populacional e pobreza. Os determinantes sociais renda (IMBG: 0,1273; p=0,001), número de moradores (IMBG: 0,0703; p=0,008), domicílios sem saneamento básico (IMBG: 0,0743; p= 0,025), pessoas da raça/cor preta (IMBG: 0,0397; p= 0,04), parda (IMBG: 0,1017; p= 0,002) e indígena (IMBG: 0,0976; p= 0,005) apresentaram correlativa positiva com o risco de hanseníase. As análises de regressão revelaram que a proporção de domicílios com renda mensal domiciliar per capita maior de um salário mínimo (? = 0,025, p = 0,036) apresenta risco menor de adoecimento por hanseníase. Enquanto, as pessoas de raça/cor parda (? = -0,101, p = 0,024) apresentam maior risco de adoecimento por hanseníase. Os resultados do estudo apontam que existe associação entre os determinantes sociais e o risco de adoecimento por hanseníase no município investigado. O investimento em políticas públicas para melhoria de distribuição de renda pode favorecer a mudança deste quadro. Os achados podem contribuir para nortear ações em saúde que auxiliem no combate e controle da hanseníase nesta região de fronteira
Leprosy is still a public health problem and a challenge for endemic countries, especially in border regions where migration flows are intense. The study aims to identify the risk areas for the occurrence of leprosy and to verify its relation with the social determinants in Foz do Iguaçu-PR. An ecological study that considered the new cases of leprosy reported in Foz do Iguaçu from 2003 to 2015 and the units of analysis were the urban census sectors. A descriptive analysis of the new cases was performed in order to identify the risk areas for the occurrence of leprosy, the spatial and time-spacial scanning statistics were used and the spatial scan and Kernel intensity estimator were used to identify areas of risk for disabilities. The investigation of spatial dependence was verified through Global Moran, Getis-Ord G and Gi *. The Global Bivariate Moran Index (IMBG), Minimum Squares Regression (OLS) and Geographically Weighted Regression (GWR) were used to verify the association of social determinants and the risk of illness due to leprosy. 840 cases were reported, where the detection rate of new cases in men was 25.6/100,000 inhabitants and 24.9/100,000 inhabitants for women, there was a predominance of yellow color / race (78.6/100,000 inhabitants), age group >=60 years (71.5/100,000 inhabitants) and incomplete elementary school (60/100,000 inhabitants). Areas at risk for leprosy and degree of disability 2 were concentrated in the South, East, North and Northeast Health District of the city; regions, characterized by high population density and poverty. The social determinants of income (IMBG: 0.1273, p = 0.001), number of residents (IMBG: 0.0703, p = 0.008), households without basic sanitation (IMBG: 0.0743, p = 0.025) (IMBG: 0.0976, p = 0.04), black color/race (IMBG: 0.1017, p = 0.002) and native color/race (IMBG: 0.0976; p = 0.005) presented a positive correlation with the risk of leprosy. The regression analysis revealed that the proportion of households with monthly household income per capita greater than a minimum wage (? = 0.025, p = 0.036) had the lowest risk of illness due to leprosy. While people of black race/color (? = -0.101, p = 0.024) are at higher risk of illness due to leprosy. The results of the study indicate that there is an association between the social determinants and the risk of illness due to leprosy in the city under investigation. The investment in public policies to improve income distribution can favor the change of this framework. The findings may contribute to health actions that help combat and control leprosy in this border region