Consumo de substâncias psicoativas e estilos de vida nos estudantes do ensino superior

Publication year: 2012

O consumo de substâncias psicoactivas (ATOD) pelos jovens em contexto académico tornou-se numa questão preocupante de saúde comunitária, pelas suas nefastas consequências, assim como a alteração dos seus estilos de vida. Daí colocou-se a questão: qual a relação que existe entre o consumo de ATOD e os estilos de vida dos estudantes do ensino superior? Este estudo tem como principal objectivo caracterizar o consumo de ATOD e os estilos de vida dos estudantes do ensino superior, com a finalidade de contribuir para uma adequada intervenção de enfermagem junto desta população. Realizou-se um estudo descritivo-correlacional tranversal com a aplicação de dois questionários de autopreenchimento (via papel e via email): ?Estilo de Vida Fantástico? (Silva, A., Brito, I. e Amado, J., 2011) e ?A cultura recreativa como ferramenta de prevenção de comportamento de risco? adaptado para português do Estudo da Cultura Recreativa como Instrumento de Prevenção (Calafat et al., 2008). A amostra é constituída por 177 estudantes, 16 do sexo masculino e 161 do sexo feminino ( x =19.66 anos, S=1.815). Dos resultados obtidos, verifica-se que as substâncias mais consumidas são o álcool ( x =3.16, S=0.81), o tabaco ( x =1.76, S=0.84) e a cannabis ( x =1.12, S=0.369), considerando a frequência entre quase nunca (0) e quase sempre (4). Observou-se que os consumos de ATOD tendem a ser maiores, quanto maior é o número de vezes que saem à noite, quanto mais dinheiro os estudantes gastam nas suas saídas, quanto mais tempo duram as saídas e quanto maior são o números de locais frequentados durante as saídas nocturnas. Dos estudantes, 96.61% têm um estilo de vida saudável, e quanto mais saudáveis são os estilos de vida, menores tendem a ser o consumo de ATOD (r=-0.127, p=0.095). Este estudo que se insere na rede de estudos PEER (Brito e Mendes, 2009) contribuirá para o planeamento de programas de promoção em saúde, nomeadamente prevenção e redução de danos, e para se traçar o perfil epidemiológico dos estudantes do ensino superior, numa população estudantil, tornando possível perceber não só o perfil de consumo mas também o perfil de recreação nocturna dos estudantes do ensino superior.