Processo de aculturação da amamentação: Razões para a não manutenção da amamentação exclusiva mães cabo-verdianas residentes em Lisboa

Publication year: 2022

Em Portugal a promoção do aleitamento materno é uma prioridade da Direção-Geral da Saúde, porém vários são os fatores que interferem com esta prática e o regresso ao mercado de trabalho constitui uma ameaça à sua manutenção. No seio de comunidade migrante, principalmente na comunidade cabo-verdiana desconhecem-se dados que nos elucida sobre a questão da amamentação exclusiva à data de alta e até aos 6 meses de vida das crianças. Objetivou-se conhecer as influências ocorridas no processo de amamentação e os sentimentos vivenciados por mães cabo-verdianas que foram amamentadas, viram as mães a amamentar e com experiência prévia de amamentação de outros filhos, que não mantêm a amamentação exclusiva até aos 6 meses de idade dos filhos nascidos em Lisboa, Portugal. Desenvolveu-se um estudo exploratório e descritivo, que seguiu a metodologia qualitativa, junto de 10 mães cabo-verdianas residentes em Lisboa. Na colheita de dados utilizou-se a entrevista semiestruturada, aplicada entre 18 de março e 30 de abril de 2022. A análise da informação colhida, realizou-se de acordo com as etapas processuais de interpretação metodológica de Colaizzi (1978) conforme Streubert & Carpenter, (2013). Os dados evidenciaram que as mães estão despertas para os benefícios da amamentação exclusiva e apontaram como fatores influentes no processo de amamentação a adaptação à vida no país de acolhimento, ausência/falta de suporte familiar, dificuldades económicas e o regresso ao mercado de trabalho que lhes provocou sentimentos de angústia e insegurança, e até dificuldade no estabelecer da vinculação afetiva com os seus filhos pequenos. Torna-se urgente que se façam cumprir as leis laborais e que o retorno ao trabalho não seja um entrave à amamentação.