Perceção dos enfermeiros sobre cuidados omissos em contexto de urgência
Publication year: 2022
Os cuidados de enfermagem omissos (CEO), referem-se a cuidados necessários que estão atrasados, parcialmente concluídos ou não completos e que influeciam de forma direta a segurança e a qualidade dos cuidados. Os objetivos deste trabalho são conhecer a perceção dos enfermeiros quanto à existência de cuidados omissos, identificar os cuidados omissos mais frequentes, as principais razões e ainda propor estratégias para minorar este problema em contexto de urgência. Trata-se de um estudo descritivo de abordagem qualitativa e utilizou-se a entrevista semiestruturada como forma de colheita de dados, que mereceu parecer favorável de uma comissão de ética. O estudo contemplou 16 enfermeiros que exercem funções em serviços de urgência polivalente.
Verificou-se que os CEO mais frequentes percecionados pelos enfermeiros foram maioritariamente cuidados autónomos como a alimentação, a eliminação, os cuidados de higiene, conforto e bem-estar, os posicionamentos, a comunicação, o envolvimento dos familiares, os registos bem como aspetos na área da segurança, vigilância e controlo da infeção. Dos cuidados interdependendes salienta-se a monitorização dos sinais vitais e a administração da terapêutica até 30 minutos após a sua prescrição.
As principais razões apontadas estão relacionadas com condicionantes do próprio serviço e com as características do próprio profissional, sendo a prestação de cuidados segundo o modelo biomédico/Alert® e a priorização de manobras de life saving consideradas singulares ao SU (Serviço de Urgência).
De forma a mitigar os CEO, os enfermeiros entrevistados salientam os recursos materiais e humanos, físicos, protocolos/normas/integração, trabalho em equipa/comunicação/ reorganização, responsabilização/fatores individuais, reconhecimento/ medidas de motivação, exemplo/liderança/gestão, formação/discussão e novos aplicativos informáticos.
A ocorrência de CEO em contexto de urgência é uma questão significativa dado que este serviço tem especificidades que levam frequentemente à ocorrência de maior número CEO. Face a isto exige-se uma mudança de paradigma que deve ser adotada não só pelos enfermeiros, mas também na área da liderança, gestão e política hospitalar.