Desenvolvimento motor em crianças de risco e o cuidado materno no domicílio
Motor development in children at risk and maternal home care
Publication year: 2019
Com o objetivo de verificar a contribuição das orientações (verbal e folder) fornecidas às mães na estimulação do desenvolvimento motor de crianças de risco, realizou-se estudo experimental prospectivo com crianças cadastradas no serviço de follow up do Hospital Universitário do Oeste do Paraná, com fatores de risco e idade corrigida entre quatro e 12 meses. Houve aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto-USP. Entre março e abril de 2017, elaborou-se e validou-se, com juízes e mães, um folder com orientações para o desenvolvimento motor no domicílio. O folder foi validado por cinco fisioterapeutas, cujas considerações para estilo da escrita, organização e aparência foram aceitas e implementadas; e por dez mães que responderam a um questionário, cujas questões apresentaram concordância de adequação acima de 70%. As sugestões sobre layout e conteúdo foram incorporadas, respeitando-se a versão e o sentido original do folder. Juízes e mães concordaram, unanimemente, com a aplicabilidade do folder. Em seguida, entre março e novembro de 2017, na etapa de orientações verbais e folder, participaram 60 crianças e suas mães, inseridas em dois grupos de 30, que foram avaliados em dois momentos, com intervalo de dois meses. No primeiro, as mães responderam um questionário e receberam orientações sobre estímulos a serem realizados (verbal e folder); as crianças foram avaliadas com a Escala de Avaliação Motora de Alberta (AIMS). No segundo encontro, as mães responderam ao questionário sobre a realização dos estímulos e as que receberam folder indicaram sua contribuição; as crianças tiveram o desenvolvimento reavaliado. A avaliação da variável "Entendeu as orientações? " apresentou associação significativa entre os grupos, e a frequência de mães que entenderam todas orientações foi maior no grupo que recebeu o folder (p=0,01). Na avaliação do desempenho motor não houve diferença entre os grupos. Identificou-se aumento da média do escore total da AIMS e das posturas prono, supino, sentado e de pé, em ambos os grupos, indicando melhora do controle postural e repertório motor. Ao se considerar fatores que poderiam interferir no desenvolvimento, conclui-se que houve relação significativa com nível socioeconômico (p=0,46) e realização de fisioterapia motora (p=0,003). Conclui-se que a realização de fisioterapia motora pode atuar como fator de proteção e contribuir no desempenho motor. Ambos os grupos, na pré-intervenção, apresentaram maior número de crianças com desenvolvimento suspeito ou atrasado. O fato de a maioria das famílias pertencer às classes C1 e C2 pode ter contribuído para o baixo desempenho, de ambos os grupos, préintervenção. O estudo espera contribuir para a sensibilização dos atores envolvidos e para a otimização do suporte oferecido a populações vulneráveis. Recomenda-se, para fisioterapeutas, a reflexão sobre a importância da atenção não somente para as necessidades das crianças, mas também para o suporte familiar. Por fim, indica-se a instituição desse folder para compor o trabalho voltado ao desenvolvimento motor da criança de risco
In order to verify the contribution of the guidelines provided to mothers, verbal and leaflet, in the stimulation of motor development of at-risk children, a prospective experimental study was enrolled in the Follow up service of the Western Parana University Hospital, with children with risk factors and corrected age between four and twelve months. The Research Ethics Committee of the Nursing School of the University of São Paulo, Ribeirão Preto-USP approved this study. Between March and April 2017, a leaflet with guidelines for motor development was elaborated and validated with judges and mothers. Five physiotherapists participated in the validation, whose considerations related to the style of writing, organization, and appearance were accepted and implemented; 10 mothers answered a questionnaire, whose questions presented an agreement of adequacy of 70%. Mothers' suggestions on layout and content were incorporated, respecting the version and the original meaning of the leaflet. Judges and mothers unanimously agreed with its applicability. Between March and November 2017, in the stage of verbal orientations or leaflet, 60 children and their mothers were enrolled in two groups of 30, which were evaluated in two moments, with a two-month interval. First, mothers answered questionnaire and received guidance on stimuli to be performed at home (verbal and leaflet), the children were evaluated through the Alberta Infant Motor Scale (AIMS). Afterwards, mothers answered questionnaires about the realization of the stimuli and those who had received the leaflet indicated whether it contributed or not; children had their motor development evaluated over again. Variable 'Did you understand the guidelines?' presented association between groups, and the frequency of mothers who understood all guidelines was higher in the group that received the leaflet (p = 0.01). In motor performance evaluation using AIMS, there was no difference between groups. A significant increase in the mean AIMS total score and the prone, supine, sitting and standing postures were identified in both groups, indicating an improvement of postural control and motor repertoire. Considering factors that could interfere in the development, there was a significant relationship with socioeconomic status (p = 0.46) and motor physical therapy (p = 0.003). The conclusion is that motor physical therapy can act as a protection factor, and contribute to the motor development. Both groups at the pre-intervention stage had a higher number of children with suspected or delayed development. The fact that most families belong to the lower class may have contributed to the low motor performance of both groups at the pre-intervention time. Thus, this study hopes to contribute to raising the awareness of the actors involved, and to optimize the support offered to vulnerable populations. For the Physiotherapy area, professionals are recommended to reflect on the importance of directing their attention not only to the needs of at-risk children but also to family support and maternal care. Furthermore the institution of the leaflet is indicated to compose the work aimed at stimulating the motor development of children at risk