Saúde sexual e saúde reprodutiva das mulheres após o nascimento dos filhos: Do conhecimento à autodeterminação

Publication year: 2022

Este relatório é constituído por uma componente clínica com reflexão crítica das atividades realizadas em cuidados de saúde na maternidade e comunidade, que contribuíram para desenvolver competências do enfermeiro especialista em Enfermagem de Saúde Materna e Obstétrica (EESMO), e pela componente de investigação, com um estudo primário para desenvolver competências de investigação. O conhecimento é primordial para as pessoas acederem, interpretarem, avaliarem e aplicarem informação sobre saúde, facilitando tomadas de decisão, prevenirem doenças, promoverem saúde e contribuírem para melhoria da qualidade de vida. A saúde sexual e a saúde reprodutiva são fundamentais para a saúde e bem-estar físico e emocional das pessoas. Após o nascimento dos filhos é essencial a mulher deter conhecimentos que permitam a tomada de decisões, com autonomia e responsabilidade.

Objetivos do estudo:

identificar os conhecimentos das mulheres sobre saúde sexual e saúde reprodutiva relacionados com o primeiro ano após o nascimento dos filhos; conhecer os fatores que influenciam a autodeterminação das mulheres sobre a saúde sexual e saúde reprodutiva após o nascimento dos filhos. Estudo de natureza qualitativa do tipo exploratório-descritivo. Amostra constituída por dez mulheres no primeiro ano após o nascimento dos filhos, de nacionalidade portuguesa, selecionadas por conveniência, com recurso à técnica de bola-de-neve. Os dados foram colhidos por entrevistas individuais semiestruturadas, entre março e maio de 2022. A análise de dados foi realizada segundo as orientações metodológicas de Bogdan e Biklen (1994).

O estudo teve parecer favorável da Comissão de Ética da UICISA:

E (Parecer nºP848/02-2022). As participantes no estudo apresentaram conhecimento sobre saúde sexual e saúde reprodutiva, relativamente às mudanças do bem-estar, aos métodos contracetivos para pós-parto, e identificaram fontes de informação no domínio da saúde sexual e saúde reprodutiva. Os fatores que influenciaram a autodeterminação das mulheres foram do domínio pessoal e ambiental, podendo ser facilitadores ou dificultadores. Como fatores pessoais facilitadores foram identificados o bem-estar pessoal; físicos e fisiológicos (sensação de bem-estar, ausência de pontos no períneo); psicológicos e emocionais (autoestima recuperada, desejo sexual); e experiências positivas anteriores. Os fatores pessoais dificultadores eram de ordem física e fisiológica (regeneração corporal no pós-parto), e psicológicos e emocionais (receio/medo da dor, medo de engravidar, cansaço). Dos fatores ambientais facilitadores destaca-se o contributo do companheiro, dos familiares e amigos, dos profissionais de saúde e do acesso à informação. A falta de informação foi um fator ambiental dificultador.

Conclusões:

A reflexão crítica de todo o percurso de estágio ao longo do curso, permitiu analisar as atividades desenvolvidas e identificar as dificuldades e estratégias para desenvolvimento de competências do EESMO. Ao nível da investigação, a identificação do conhecimento das mulheres sobre saúde sexual e saúde reprodutiva após o nascimento dos filhos e conhecer os fatores influenciadores da autodeterminação neste domínio, são uma mais-valia para os cuidados de enfermagem. Permitem conceber, planear intervenções de promoção da saúde sexual e saúde reprodutiva, e facilitar a autodeterminação das mulheres. Ao nível da formação sugerimos a abordagem destes temas desde a formação inicial dos enfermeiros especialistas EESMO. Continua a ser necessário o desenvolvimento de estudos nesta área, nomeadamente em Portugal.