Publication year: 2022
Resumo:
A vivência do parto é condicionada por elementos culturais que influenciam diretamente as práticas e o significado atribuído a esse evento. Diante disso, o povo indígena Misak, devido a processos de discriminação, violência, diferenças no modo de ver o mundo e longas distancias até instituições de saúde, sentiu a necessidade de ter um centro de saúde próprio nos seus territórios chamado "Hospital Mama Dominga" que respeitasse seus costumes, envolvendo à atenção às gestantes e parturientes. O objetivo desta pesquisa foi compreender a experiência da equipe de enfermagem no cuidado às mulheres indígenas no processo de parto e nascimento em Cauca, Colômbia. Para tal fim, desenvolveu-se uma pesquisa qualitativa descritiva com método na história oral temática híbrida, descrita por Meihy e Holanda. A coleta de dados foi realizada através de entrevistas à equipe de enfermagem da Instituição de Saúde Indígena da cidade de Silvia, Cauca, no período maio-setembro de 2021. A análise de conteúdo foi feita de acordo com o proposto por Laurence Bardin. Os colaboradores da pesquisa foram 2 enfermeiras(os) profissionais e 6 auxiliares de enfermagem que trabalham ou trabalharam pelo menos 6 meses na assistência direta às mulheres em processo de parto e nascimento e, a partir de suas narrativas emergiram 4 categorias que foram: "Saúde da mulher gestante indígena: Costumes e desejos", "Saúde materna institucional com foco na cultura", "Papel da equipe de enfermagem na saúde da mulher gestante indígena" e, "Barreiras percebidas para a atenção institucional da mulher indígena". Os resultados revelam como a medicina ocidental tem ingressado à comunidade por meio de uma atenção diferenciada, com controles pré-natais domiciliares que envolvem a equipe de saúde do hospital e da comunidade, como parteira e médico tradicional. No parto, a parteira e o familiar têm a oportunidade de estar presentes, a equipe de enfermagem faz a entrega da placenta para a mulher, e procura-se a conservação da temperatura corporal da parturiente e a ingestão dos alimentos necessários, levados pela família segundo as orientações da parteira, igualmente, os auxiliares de enfermagem pertencem a comunidade Misak, conseguindo estabelecer uma comunicação na língua própria da mulher. No entanto, evidenciou-se que na instituição ainda predomina o modelo biomédico, intervencionista, desde o desenho da sala de parto, sendo o principal responsável tanto no controle pré-natal como no parto, o médico. Entre as barreiras que dificultam fornecer uma assistência institucional, se encontraram características próprias da mulher indígena, como a timidez, a relutância e o desconhecimento em relação ao sistema de saúde ocidental, o medo das práticas institucionais e a falta de conhecimento dos profissionais sobre a cultura Misak. Dessa maneira, destaca-se o trabalho realizado na instituição, mas são necessárias mudanças nas condições estruturais, administrativas, sociais e políticas, priorizando o preparo, a sensibilização da equipe de saúde desde a graduação até os locais de trabalho, com o desenvolvimento de estratégias inovadoras na prática do cuidado transcultural, como a elaboração desta pesquisa que visa respeitar e promover os valores das comunidades, contribuindo para uma sociedade inclusiva que compreenda a diversidade da experiência humana.
Abstract:
The experience of childbirth is conditioned by cultural elements that directly influence practices and the meaning given to that event. Given this, the Misak indigenous people, due to processes of discrimination, violence, differences in the way they see the world and long distances to health institutions, felt the need to have their own health center in their territories called "Hospital Mama Dominga" that respected their customs, involving the care of pregnant and giving birth women. The objective of this research was to understand the experience of the nursing team in the care of indigenous women in the labor and birth process in Cauca, Colombia. To this end, descriptive qualitative research was developed using a hybrid thematic oral history method, described by Meihy and Holanda. Data collection was carried out through interviews with the nursing staff of the Indigenous Health Institution of the city of Silvia, Cauca, in the period May-September 2021. The content analysis was performed according to the proposal by Laurence Bardin. The collaborators were 2 professional nurses and 6 nursing assistants who work or worked for at least 6 months in direct care for women in the process of labor and birth, from their narratives, 4 categories emerged: " Health of indigenous pregnant women: Customs and desires", "Institutional maternal health with a focus on culture", "Role of nursing team in the health of indigenous pregnant women", "Perceived barriers to institutional care for indigenous women". The results reveal how Western medicine has entered the community through differential care, with prenatal care at home that involves the hospital and community health team, such as midwife and traditional healer. During childbirth, the midwife and the family member can be present, the nursing team delivers the placenta to the woman, and efforts are made to maintain the mother's body temperature, in addition to allowing food to enter through the relatives as directed by the midwife. The nursing assistants also belong to the Misak community, managing to establish communication in the woman's own language. However, it was evident that the biomedical, interventionist model still predominates in the institution, from the design of the delivery room, with the doctor being the main responsible for both prenatal and delivery control. Among the barriers that make it difficult to provide institutional care, there are characteristics of indigenous women, such as shyness, reluctance, and lack of knowledge regarding the western health system, fear of institutional practices and lack of knowledge of professionals, especially doctors and nurses from the Misak culture. In this way, the work that is performed in the institution is highlighted, but changes in structural, administrative, social, and political conditions are necessary, prioritizing the preparation, sensitization of the health team from graduation training to the workplace with the development of innovative strategies in the practice of transcultural care, such as the development of this research that aims to respect and promote the values of the communities, contributing to an inclusive society that understands the diversity of human experience.
Resumen:
La experiencia del parto está condicionada por elementos culturales que influyen directamente en las prácticas y en el significado que se le da a ese evento. Ante esto, el pueblo indígena Misak, debido a procesos de discriminación, violencia, diferencias en la forma de ver el mundo y largas distancias hasta las instituciones de salud, sintieron la necesidad de contar con un centro de salud propio en sus territorios denominado “Hospital Mama Dominga” que respetase sus costumbres, involucrando el cuidado de las mujeres embarazadas y parturientas. El objetivo de esta investigación fue conocer la experiencia del personal de enfermería en el cuidado de mujeres indígenas en proceso de parto y nacimiento en Cauca, Colombia. Para ello, se desarrolló una investigación cualitativa, descriptiva, utilizando como método la historia oral temática híbrida, descrita por Meihy y Holanda. La recolección de datos se realizó a través de entrevistas al personal de enfermería de la Institución de Salud Indígena de la ciudad de Silvia, Cauca, en el período mayo-septiembre de 2021. El análisis de contenido se realizó de acuerdo con la propuesta de Laurence Bardin. Los colaboradores fueron 2 enfermeras(os) profesionales y 6 auxiliares de enfermería que trabajan o trabajaron por lo menos 6 meses en la atención directa a mujeres en proceso de parto y nacimiento. De sus narrativas, surgieron 4 categorías: “Salud de la mujer gestante indígena: Costumbres y deseos”, “Salud materna institucional con enfoque en la cultura”, “Papel del personal de enfermería en la salud de las gestantes indígenas” y, “Barreras percibidas para la atención institucional de las mujeres indígenas”. Los resultados revelan cómo la medicina occidental ha ingresado en la comunidad a través una atención diferencial, que comprende, una atención prenatal domiciliaria,
involucrando al equipo de salud del hospital, así como, a la partera y al médico tradicional. Durante el parto, la partera y el familiar tienen la oportunidad de estar presentes, el personal de enfermería hace entrega de la placenta a la mujer y se hacen esfuerzos para mantener la temperatura corporal de la madre, además de permitir el ingreso de alimentos por los familiares según las indicaciones de la partera. Asimismo, los auxiliares de enfermería pertenecen a la comunidad Misak, consiguiendo establecer una comunicación en el idioma propio de la mujer. Sin embargo, se evidenció que en la institución aún predomina el modelo biomédico, intervencionista, desde el diseño de la sala de partos, siendo el médico el principal responsable tanto del control prenatal como del parto. Entre las barreras que dificultan la atención institucional se encuentran; características propias de las mujeres indígenas, como la timidez, la renuencia y el desconocimiento sobre el sistema de salud occidental, miedo a las prácticas institucionales y desconocimiento de los profesionales de la cultura Misak. De esta forma, se destaca el trabajo que se realiza en la institución, pero son necesarios cambios en las condiciones estructurales, administrativas, sociales y políticas, priorizando la preparación, sensibilización del equipo de salud desde el pregrado hasta los lugares de trabajo con el desarrollo de estrategias innovadoras en la práctica del cuidado transcultural como la elaboración de la presente investigación que busca respetar y promover los valores de las comunidades, contribuyendo para una sociedad inclusiva que comprenda la diversidad de la experiencia humana.