Internação hospitalar e a ocorrência de delirium em idosos na condição de fragilidade física: estudo transversal

Publication year: 2022

Resumo:

Trata-se de estudo quantitativo de corte transversal, que objetivou analisar a relação entre internação hospitalar e ocorrência de delirium em idosos na condição de fragilidade. Este estudo integra o projeto de pesquisa intitulado "Fragilidade física e os desfechos clínicos, funcionais, nutricionais e a demanda de cuidados em idosos hospitalizados", aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos do Setor de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Paraná, parecer no 4.985.540 e pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos da Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba, parecer no 5.055.260. O estudo foi desenvolvido no Hospital Municipal do Idoso Zilda Arns, Curitiba, Paraná. Os participantes foram idosos, com idade = 60 anos, hospitalizados para tratamento clínico e/ou cirúrgico nas unidades de internação. Calculou-se o tamanho mínimo da amostra (n=300 idosos) utilizando-se o período pré-pandêmico, ano de 2019, como recorte temporal, no qual ocorreram 7.254 internações, sendo 4.146 = 60 anos. Os dados foram coletados por meio de questionários sociodemográfico e clínico e testes que compreendem o fenótipo da fragilidade física e o Confusion Assessement Method no período de março a julho de 2022. Realizaram-se análises descritivas para as variáveis sociodemográficas, internação, laboratoriais, histórico médico e estimaram-se as odds ratio ajustadas para as variáveis fragilidade e delirium. Dos 320 idosos avaliados, o delirium foi evidenciado em 67 (21,14%) no momento da admissão. Houve predomínio de idosos pré-frágeis (n=157; 49%), seguidos dos frágeis (n=116; 36,25%) e não frágeis (n=44; 13,75%). A proporção de idosos frágeis que apresentaram delirium foi de 71,64% e entre os pré frágeis 28,36% (p<0,0001). O modelo preditivo indicou associação entre a ocorrência de delirium e fragilidade (OR 1,22; IC95% 1,07 a 1,38), idade > 80 anos (OR 1,14; IC95% 1,01 a 1,32), diagnóstico de epilepsia (OR 1,38; IC95% 1,09 a 1,76) e diagnóstico de demência (OR 1,58; IC95% 1,37 a 1,82). Outrossim, encontrou-se associação entre a ocorrência de delirium e valores de Proteína C-Reativa acima dos valores de referência (OR 3,13; IC95% 1,10 a 11,36) e história prévia de acidente vascular encefálico (OR 1,14; IC95% 1,03 a 1,26). Durante a internação hospitalar, idosos frágeis mostraram maior probabilidade de desenvolverem delirium. Pré-fragilidade e fragilidade foram condições prevalentes no ambiente hospitalar, tornando-se importante seu rastreio e gerenciamento durante o internamento. Houve maior propensão ao desenvolvimento de delirium em idosos acima de 80 anos. Medidas de prevenção ao delirium devem ser implementadas nessa faixa etária minimizando-se as consequências deletérias. Destaca-se a importância da realização de anamnese que busque a identificação do diagnóstico de demência, epilepsia e acidente vascular encefálico prévio para ampliar as medidas de prevenção do delirium pela equipe multiprofissional.

Abstract:

This is quantitative and cross-sectional study whose objective was to analyze the relationship between hospitalization and occurrence of delirium in frail older adults. This study is part of the research project entitled "Physical frailty, clinical, functional and nutritional outcomes and care demand in hospitalized older adults", approved by the Committee of Ethics in Research with Human Beings from the Health Sciences Sector of the Federal University of Paraná with opinion No. 4,985,540, and by its counterpart belonging to the Curitiba Municipal Health Department with opinion No.5,055,260. The study was developed in the Zilda Arns Municipal Hospital for Older Adults, Curitiba, Paraná. The participants were older adults aged = 60 years old and admitted for clinical and/or surgical treatment in the hospitalization units. Sample size (n=300 older adults) was calculated considering the pre-pandemic period (2019) as time frame, in which there were 7,254 hospitalizations, with 4,146 patients aged = 60 years old. The data were collected by means of sociodemographic and clinical questionnaires and of tests that include the physical frailty phenotype and the Confusion Assessment Method from march to July 2022. Descriptive analyses were performed for the sociodemographic, hospitalization, laboratory and medical history variables, and the adjusted odds ratios were estimated for the frailty and delirium variables. Among the 320 older adults evaluated, delirium was evidenced in 67 (21.14%) at admission. There was predominance of pre-frail aged individuals (n=157; 49%), followed by frail (n=116; 36.25%) and non-frail (n=44; 13.75%). The percentage of frail older adults that presented delirium was 71.64% and, for the prefrail, it was 28.36% (p<0.0001). The predictive model indicated an association between occurrence of delirium and frailty (OR: 1.22; 95%CI: 1.07-1.38), age > 80 years old (OR: 1.14; 95%CI: 1.01-1.32), epilepsy diagnosis (OR: 1.38; 95%CI: 1.09-1.76) and dementia diagnosis (OR: 1.58; 95%CI: 1.37-1.82). Furthermore, an association was also found between occurrence of delirium and Reactive C Protein above the reference values (OR: 3.13; 95%CI: 1.10-11.36) and previous stroke history (OR: 1.14; 95%CI: 1.03-1.26). During hospitalization, frail older adults were more likely to develop delirium. Pre-frailty and frailty were prevalent conditions in the hospital environment, with their screening and management becoming important during hospitalization. Propensity to develop delirium was higher in older adults aged over 80 years old. Measures to prevent delirium should be implemented in this age group, minimizing the deleterious consequences. The importance of performing anamnesis seeking to identify previous dementia, epilepsy and stroke diagnoses is emphasized, in order to expand the measures to prevent delirium by the multiprofessional team.