Oferta de ações e serviços de saúde às pessoas privadas de liberdade que vivem com HIV em unidades prisionais de dois municípios do interior paulista
Offer of health actions and services to people deprived of freedom living with HIV in prison units of two cities in the inner part of São Paulo State
Publication year: 2019
O presente estudo objetivou analisar as ações e serviços de saúde ofertados por equipes de saúde prisional para o cuidado às pessoas que vivem com HIV/aids nas unidades prisionais nos municípios de Ribeirão Preto e Serra Azul-SP. Trata-se de um estudo descritivo, do tipo inquérito, realizado entre agosto e novembro de 2015 com pessoas privadas de liberdade vivendo com HIV, encarceradas por mais de seis meses nas unidades prisionais estudadas. Os dados, coletados por meio de entrevistas, foram analisados através de técnicas estatísticas descritivas, bem como mediante a construção de indicadores de oferta que correspondiam ao valor médio obtido pela somatória de todas as respostas de todos os entrevistados para cada pergunta e dividido pelo total de respondentes, sendo categorizados como satisfatórios (>3,5 a 5,0), regulares (> 2,5 a 3,5) e insatisfatórios (1,0 a 2,5). Para comparação do desempenho na oferta de ações e serviços de saúde entre as unidades prisionais realizou-se análise de variância (ANOVA) com teste de Tukey. Esse teste foi realizado quando atendidos os pressupostos de homocedasticidade pelo teste de Levene. A normalidade não foi testada, uma vez que n>=30. Para as análises que indicaram violação dos critérios para o uso da ANOVA, foi realizado o teste de Kruskall-Wallis com teste de comparação múltipla. O nível de significância estatística adotado foi de 5%. Participaram da pesquisa 85 apenados vivendo com HIV, a maioria do sexo masculino (82,4%), entre 23 - 39 anos (56,4%), pardos (45,9%) e com baixa escolaridade (70,6%) (ensino fundamental I ou II) O indicador composto de oferta das ações e serviços de saúde prestados pelas equipes de saúde prisionais obteve média geral de 2,63 (dp 1,8), classificado como regular. Os cuidados gerais de saúde, os atendimentos médicos, de equipe de enfermagem, prontidão no atendimento , orientações sobre a tuberculose, disponibilização de exames sorológicos e divulgação de informações foram avaliados de modo regular. Os indicadores relacionados ao atendimento com psicólogos, dentistas e assistentes sociais, e as demais atividades envolvendo orientações em saúde foram classificados como insatisfatórios. A disponibilidade de preservativos, vacinas e exames de escarro para tuberculose foram avaliados como satisfatórios. O manejo do HIV/aids nas prisões configura-se um desafio ao SUS, na organização de um subsistema com atribuições compatíveis com as prerrogativas da atenção primária à saúde. Entretanto, as condições organizacionais das prisões, violações de direitos humanos, processo de trabalho com equipes incompletas de saúde responsáveis pelo manejo de um agravo que exige aplicações de distintas densidades tecnológicas impõe obstáculos à concretude da integralidade do cuidado às pessoas que vivem com HIV no contexto prisional
The present study aimed to analyze the health actions and services offered by prison health teams to care for people living with HIV/aids in prison units in the cities of Ribeirão Preto and Serra Azul-SP. This is a descriptive inquiry study, conducted from August to November 2015 with people deprived of freedom living with HIV, detained for more than six months in the studied prison units. The data collected through interviews was analyzed using descriptive statistical methods, as well as the construction of offer indicators that corresponded to the mean value obtained by the sum of all answers of all interviewed for each question and divided by the sum of total respondents. They were classified as satisfactory (>3.5 to 5.0), regular (>2.5 to 3.5) and unsatisfactory (1.0 to 2.5). To compare the performance of the offer of health actions and services between the prison units, the analysis of variance (ANOVA) with Tukey's test was conducted. This test was performed when the homoscedasticity assumptions where met, verified by Levene's test. The normality was not tested considering n>=30. For analyses indicating a violation of criteria applied to use ANOVA, Kruskall-Wallis's test with a test of multiple comparisons was used. The adopted level of significance was 5%. In the study, 85 imprisoned living with HIV participated in the study, the majority was male (82.4%), between 23-29 years (56.4%), brown (45.9%) and with low education level (70.6%) (elementary school I or II). The indicator composed of health actions and services provided by prison health teams obtained the general mean of 2.63 (sd 1.8), classified as regular. The general health care, the medical appointments, the nursing team, attention readiness, orientations for tuberculosis, availability of serological tests, and disclosure of information were assessed as regular. The indicators related to appointments with psychologists, dentists, and social workers, and other activities involving health orientations were classified as unsatisfactory. The availability of contraceptives, vaccines and sputum exams for tuberculosis were satisfactory. The management of HIV/aids in prisons is a challenge for SUS, in the organization of a subsystem with attributions compatible with the prerogatives of the primary health care. However, the organizational conditions of prisons, violations of human rights, work processes with incomplete health teams responsible for the management of a disease requiring distinct applications of technological densities, imposes obstacles to the concreteness of the integrality of care to people who live with HIV in a prisonal context