Estresse parental percebido na gestação e na maternidade
Perceived parental stress in pregnancy and motherhood
Publication year: 2020
O estresse parental é considerado fator de risco para o desenvolvimento e bem-estar infantil e para dinâmica familiar. Promover o desenvolvimento infantil saudável, garantir que todas as necessidades sejam atendidas e educar a criança pode ser um desafio para as famílias. O objetivo foi identificar o estresse parental e os fatores relacionados para mulheres durante a gestação e no primeiro mês de vida do bebê. Estudo descritivo de corte longitudinal, realizado com mulheres que tiveram gestação de risco habitual, no terceiro trimestre da gestação em 2017 e 2018, cadastradas em unidades com Estratégia Saúde da Família de um município brasileiro de médio porte. Foram realizadas entrevistas em domicílio, com a utilização de genograma e ecomapa e aplicação da Escala de Estresse Parental. Participaram 121 mulheres, com idade entre 18 a 40 anos. A maior parte possuía entre 11 e 13 anos de estudo, brancas, trabalhava em casa, possuía um companheiro que residia no mesmo domicílio, com planejamento da gestação e a realização do número preconizado de consultas no pré-natal. A escala aplicada na gestação mostrou que 82 participantes (67,8%) tinham algum estresse e 39 (32,2%) nenhum estresse na gestação. No primeiro mês de vida do bebê, em relação ao desequilíbrio no papel materno, 58 (47,9%) apresentaram alto nível de estresse parental e 63 (52,1%) baixo nível de estresse parental. O estresse parental alto foi correlacionado com a presença de estresse na gestação e menor número de gestações planejadas. Houve também associação entre receber auxílio do governo e o nível de estresse parental alto. A estrutura familiar foi heterogênea com diversos arranjos familiares. Foi predominante as mulheres que moravam com companheiros e filhos. O genograma e o ecomapa foram facilitadores na identificação de condições estressantes. Tais resultados sugerem que são fundamentais as ações para identificar precocemente e reduzir o estresse parental, com destaque para a atuação dos profissionais junto as famílias no contexto da atenção primária à saúde. Na atuação da/o Enfermeira/o há diversas oportunidades para otimizar as boas práticas parentais, propiciar o processo de criação de vínculo parental com o bebê no planejamento familiar, na gestação, no pré-natal e após o nascimento, em consultas de puerpério, salas de vacinação, visitas domiciliares, entre outras, a partir de observação, diálogos e avaliação das situações vivenciadas pelas figuras parentais. Assim, para além da preocupação com a sobrevivência das crianças, é necessário oferecer apoio qualificado aos cuidadores e famílias para produzir resultados na trajetória de desenvolvimento humano, o que implica ações para reduzir o estresse parental.
Parental stress is considered a risk factor for child development, wellbeing and family dynamics. Raising a child, promoting his/her healthy development and ensuring that all needs of a child are met can be a challenge for families. This study's objective was to identify parental stress and related factors among women during pregnancy and after the infants' first month of life. This descriptive, longitudinal study carried out with women in the third trimester of low-risk pregnancies in 2017 and 2018, receiving care provided by family health strategy units of a medium-sized Brazilian city. Interviews were held at the participants' homes and the Genograms, Ecomaps and Parental Stress Scale was used. A total of 121 women, aged between 18 and 40 years old, participated in the study. Most had between 11 and 13 years of schooling, were Caucasians, homemakers or worked from home, had a partner living in the same home, pregnancy planning and had the recommended number of prenatal consultations. The scale applied during pregnancy showed that 82 participants (67,8%) experienced some level of stress, while 39 (32,2%) reported no stress during pregnancy. At the infants' first month of life, 58 (47,9%) presented a high level of parental stress and 63 (52,1%) presented a low level of parental stress. High parental stress was correlated with the presence of stress during pregnancy and a lower number of planned pregnancies. There was also an association between receiving government assistance and high level of parental stress. The family structure was heterogeneous with several family arrangements. Women living with partners and children predominated. The genogram and the ecomap facilitated the identification of stressful conditions. These results suggest actions are needed for early identification and intervention in parental stress, especially actions performed by workers delivering care to families within the context of primary health care. In the role of the Nurse there are several opportunities to optimize good parenting practices, promote the process of creating a parental bond with the baby in family planning, during pregnancy, in prenatal care and after birth, in postpartum consultations, vaccination rooms, home visits, among others, from observation, dialogues and evaluation of situations experienced by parental figures. Thus, in addition to the concern for children, it is necessary to offer qualified support to caregivers and families to produce results in the trajectory of human development, or that implies actions to reduce parents' stress.