Publication year: 2022
Introdução:
A hospitalização infantil é uma experiência estressante para a própria criança e para sua família. Torna-se um processo singular quando a hospitalização é determinada pelo adoecimento por uma doença pandêmica, como a COVID-19. Embora seja um contexto desconhecido e aparentemente influenciado pelas experiências individuais e coletivas da pandemia por COVID-19, considerando-se outras situações de adoecimento, as famílias buscam estratégias que lhes possibilitam prosperar mesmo na adversidade. Portanto, parte-se do pressuposto que estratégias de Coping são adotadas pelas crianças e suas cuidadoras, a fim de se ajustarem à situação estressora. Objetivo:
Analisar as estratégias de Coping de crianças e cuidadoras primárias no ajustamento familiar na situação de hospitalização por COVID-19. Metodologia:
Trata-se de um estudo qualitativo exploratório, em que se usou o modelo de resiliência estresse e ajustamento de McCubbing, McCubbing (1993). Participaram dez crianças que foram hospitalizadas por COVID-19, em Belo Horizonte - MG, e quinze cuidadoras primários que tiveram suas crianças hospitalizadas pela COVID-19. A coleta de dados foi realizada por videochamada, a partir de um questionário para obter informações sociodemográficas, além da escala de MOS-SSS aplicados às cuidadoras primárias e dois roteiros de entrevista semiestruturada utilizados para as cuidadoras primárias e outro para as crianças. Os dados qualitativos foram analisados a partir da análise temática reflexiva conforme proposta por Braun e Clark (2016), com suporte do software MAXQDA©. Foram atendidas as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos conforme resoluções 466/12 e 510/2016. Resultados:
Pela aplicação da escala de MOS-SSS, as cuidadoras primárias tinham alta percepção de apoio social. As cuidadoras primárias que referiram maior cumplicidade com a equipe e estratégias de prevenção contra o Coronavírus, tiveram apreciações predominantemente positivas e tenderam buscar o apoio dos profissionais. Aquelas que não perceberam este apoio, tiveram apreciações predominantemente negativas e relataram estratégias de Coping relacionadas a espiritualidade e a religiosidade, amar os seus filhos, se questionar e/ou negar a necessidade de hospitalização de suas crianças, a busca por apoio de familiares e amigos por meio de conversas por dispositivos eletrônicos e trocas de acompanhante, quando possível. Três díades crianças-cuidadoras primárias, não tiveram concordância em suas apreciações e apenas uma criança relatou apreciação predominantemente positiva. Elencou como motivo dessa apreciação o brincar e o uso de dispositivos eletrônicos como estratégias de Coping. As demais crianças, relataram maior intensidade de medo, tristeza, tédio e saudade, usaram dispositivos eletrônicos para jogar e conversar com suas famílias, passar o tempo com seus acompanhantes e brincar. Conclusão:
A forma com que as crianças e seus cuidadoras primárias vivem e apreciam o momento da hospitalização está ligada às estratégias de enfrentamento utilizadas por elas. Os profissionais de saúde, são fundamentais para identificar as estratégias de Coping utilizadas pelas crianças e suas famílias, favorecendo a sua incorporação e apoiá-los em um ajustamento familiar mais positivo nesta situação de adoecimento.
Introduction:
Children's hospitalization is a stressful experience for the child and the family. It becomes a unique process when hospitalization is determined by illness from a pandemic disease, such as COVID-19. Although it is an unknown context and apparently influenced by the individual and collective experiences of the pandemic by COVID-19, considering other situations of illness, families seek strategies that allow them to thrive even in adversity. Therefore, it is assumed that coping strategies are adopted by children and their caregivers in order to adjust to the stressful situation. Objective:
To analyze the Coping strategies of children and primary caregivers in the family adjustment in the situation of hospitalization for COVID-19. Methodology:
This is an exploratory qualitative study, in which McCubbing, McCubbing's (1993) model of stress resilience and adjustment was used. Ten children who were hospitalized for COVID-19 in Belo Horizonte - MG, and fifteen primary caregivers who had their children hospitalized for COVID-19 participated. The data collection was performed by video call, from a questionnaire to obtain sociodemographic information applied to the primary caregivers and two semi-structured interview scripts used for the primary caregivers and another one for the children. The qualitative data were analyzed from the reflective thematic analysis as proposed by Braun and Clark (2016), with support from the MAXQDA© software. Regulatory guidelines and standards for research involving human subjects as per resolutions 466/12 and 510/2016 were met. Results:
Primary caregivers who reported greater complicity with the team and prevention strategies against Coronavirus, had predominantly positive appreciations and tended to seek support from professionals. Those who did not perceive this support had predominantly negative evaluations and reported coping strategies related to spirituality and religiosity, loving their children, questioning and/or denying the need for hospitalization of their children, the search for support from family members and friends through conversations by electronic devices and change of companion, when possible. Three children-primary caregiver’s binomials did not agree in their assessments, and only one child reported a predominantly positive assessment. She listed playing and the use of electronic devices as coping strategies. The other children, reported higher intensity of fear, sadness, boredom and longing, used electronic devices to play and talk to their families, spend time with their companions and play. Conclusion:
The way children and their primary caregivers live and enjoy the moment of hospitalization is linked to the coping strategies used by them. Health professionals, are fundamental to identify the Coping strategies used by children and their families, favoring their incorporation and supporting them in a more positive family adjustment in this situation of illness.