Efeito do biofeedback da variabilidade da frequência cardíaca sobre os níveis de ansiedade traço-estado dos profissionais de enfermagem: ensaio clínico randomizado

Publication year: 2022

Introdução:

No cenário de trabalho global, os profissionais de enfermagem representam aproximadamente 59% da força de trabalho em saúde, caracterizando uma profissão articuladora de diversos processos assistenciais, de gestão, educativos, preventivos, políticos e de pesquisa. A interação da ansiedade com o aumento da carga de trabalho, a exaustão física e algumas caraterísticas dos ambientes de trabalho podem ter efeitos dramáticos no bem-estar físico e mental dos trabalhadores. O biofeedback da variabilidade da frequência cardíaca pode considerar-se uma intervenção alternativa no atendimento de um risco ou condição de saúde.

Objetivo:

Avaliar o efeito da intervenção com o biofeedback da variabilidade da frequência cardíaca (VFC) sobre os níveis de ansiedade Traço-Estado dos profissionais da enfermagem de um hospital universitário, quando comparado com uma atividade informatizada sem auto-monitoramento.

Método:

Trata-se de um ensaio clínico randomizado (ECR) paralelo em 115 profissionais de enfermagem, comparando dois grupos durante 9 encontros, tendo como fatores em estudo o estresse e os níveis de ansiedade traço-estado, conduzido no período de junho 2020 a agosto de 2021. Os participantes do grupo intervenção utilizaram o software EmWave Pró Plus® na aferição do biofeedback da variabilidade da frequência cardíaca e o instrumento do desfecho principal foi auto-administrado nas fases pré e pós intervenção. Os dados foram agrupados em planilhas e analisados no programa STATA 14.0, utilizando estatísticos descritivos e inferenciais.

Resultados:

Existe uma correlação positiva entre os escores de ansiedade traço-estado, os escores de estresse e dimensões do estresse (rho = 0.811, p <0,001). As diferenças dos deltas da ansiedade estado (0,99, IC95%=-2,01;3,99, p=0,514) e traço (0,7, IC95%=-1,85;3,26, p=0,586) não foram estatisticamente significativas no grupo intervenção de biofeedback em comparação com o controle. As diferenças dos deltas da ansiedade estado (0,70 IC95%=-1,85;3,26, p=0,586) e traço (0,71, IC95%=-1,60;3,02, p=0,546), quando ajustados pelos níveis basais da respectiva ansiedade, também não foram significativamente diferentes entre os grupos.

Conclusões:

Os resultados sugerem que a intervenção com biofeedback da variabilidade da frequência cardíaca não tem efeito sobre os níveis de ansiedade em profissionais de enfermagem. Os achados sugerem que a interação entre a ansiedade e estresse ocupacional possa ser considerada um ponto de referência para novas pesquisas, bem como sugere a necessidade de novos estudos que permitam comparar o biofeedback com outras terapias complementares.

Introduction:

In the global work scenario, nursing professionals represent approximately 59% of the health workforce, characterizing a profession that articulates various care, management, educational, preventive, political and research processes. The interaction of anxiety with increased workload, physical exhaustion and some characteristics of work environments can have dramatic effects on workers’ physical and mental well-being. Heart rate variability biofeedback may be considered an alternative intervention in the management of a health risk or condition.

Objective:

To evaluate the effect of the intervention with biofeedback of heart rate variability (HRV) on the levels of Trait-State anxiety of nursing professionals at a university hospital, when compared with a computerized activity without self-monitoring.

Methods:

parallel randomized clinical trial with 115 nursing professionals, comparing two groups during 9 meetings, having stress and state-trait anxiety levels as study factors, conducted from June 2020 to August 2020. 2021. Participants in the intervention group used the EmWave Pro Plus® software to measure heart rate variability biofeedback and the main outcome instrument was self- administered in the pre- and post-intervention phases. Data were grouped in spreadsheets and analyzed using the STATA 14.0 program, using descriptive and inferential statistics.

Results:

There is a positive correlation between state trait anxiety scores, stress scores and stress dimensions (rho = 0.811, p < 0.001). The differences in state anxiety deltas (0.99, 95%CI=-2.01-3.99, p=0.514) and trait (0.7, 95%CI=-1.85-3.26, p=0.586) were not statistically significant in the biofeedback intervention group compared with the control. Likewise, the differences in state anxiety deltas (0.70, 95%CI=-1.85-3.26, p=0.586) and trait (0.71, 95%CI=-1.60-3.02, p =0.546) adjusted for the respective baseline levels of anxiety, were also not significantly different between the groups.

Conclusion:

The results suggest that heart rate variability biofeedback intervention has no effect on anxiety levels in nursing professionals. The findings suggest that the interaction between anxiety and occupational stress can be considered a point of reference for further research; also the need for new ones that allow comparing biofeedback with other complementary therapies.