Análise dos fatores gestacionais de mães adolescentes associados ao nascimento de recém-nascidos pré-termo

Publication year: 2022

Introdução:

a gravidez na adolescência constitui um problema de Saúde Pública global, pela imaturidade biológica e social da mãe adolescente, baixa aderência ao pré-natal e por restringir oportunidades de desenvolvimento educacional e profissional, contribuindo ao aumento da pobreza e da violência sexual e doméstica. Além dos efeitos na gestante adolescente, seus recém-nascidos estão mais expostos a apresentar condições clínicas adversas, como a prematuridade, acarretando em prejuízos para sua saúde e desenvolvimento.

Objetivo:

analisar os fatores sociodemográficos e gestacionais de mães adolescentes associados à prematuridade.

Método:

estudo quantitativo transversal, retrospectivo e analítico, que incluiu todas as mães adolescentes e seus recém-nascidos, com nascimento entre o período de 01 de janeiro de 2019 e 31 de dezembro de 2020 no Hospital de Clínicas de Porto Alegre, localizado no Sul do Brasil. Foram excluídos os binômios mãe-bebê que não apresentavam a variável idade gestacional no banco de dados e daqueles recém-nascidos que não nasceram no hospital e/ou vieram transferidos de outros hospitais. Calculou-se o tamanho da amostra considerando uma prevalência de 14% de prematuridade em mães adolescentes, com nível de confiança de 95% e poder de 80%. Os dados referentes as variáveis maternas e neonatais foram obtidos através de uma query dos prontuários dos pacientes, solicitada ao Serviço de Arquivamento Médico e Informação em Saúde do referido hospital. Os dados foram analisados pelo Statistical Package for the Social Sciences. Todas as variáveis foram categorizadas e expressas por frequência absoluta e relativa. Utilizou-se os testes qui-quadrado ou exato de Fisher para verificar associação entre os desfechos e as demais variáveis. Para controle dos fatores confundidores, as variáveis com valor p<0,20 na análise bivariada, foram inseridas no modelo multivariado de Regressão de Poisson. O nível de significância adotado foi de 5% (p≤0,05). O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, sob CAAE no 36972220.8.0000.5327. Respeitaram-se os princípios éticos em saúde, conforme Resolução n° 466/2012.

Resultados:

participaram do estudo 488 mães adolescentes e seus 489 recém-nascidos. Em sua maioria, as mães viviam sem companheiro, com escolaridade inadequada para idade, de acordo com a classificação do Ministério da Educação, mantinham ocupação com os estudos ou ao trabalho remunerado e não fizeram um acompanhamento pré-natal adequado para idade gestacional, conforme preconizado pela Organização Mundial da Saúde. A prevalência de prematuridade foi verificada em 6,6% das mães adolescentes e esteve associada ao acompanhamento pré-natal adequado, parto vaginal e gravidez gemelar. A prevalência de reinternação hospitalar no período neonatal foi de 9,2% do total de recém-nascidos, principalmente por condições respiratórias.

Conclusão:

a prematuridade apresentou uma prevalência menor do que, comumente, é encontrada em mães adolescentes e esteve associada ao acompanhamento pré- natal adequado, trazendo o questionamento acerca da qualidade do cuidado pré-natal que está sendo ofertado às gestantes, em especial a abordagem às adolescentes. Percebe-se, ainda, que o acesso ao pré-natal pode estar imbrincado às menores condições sociodemográficas e econômicas a que estas adolescentes estão expostas e que, muitas vezes, se sobrepõe à idade materna, contribuindo para a ocorrência de desfechos clínicos desfavoráveis, a exemplo da prematuridade.

Introduction:

teenage pregnancy is a global Public Health problem, for the biological and social immaturity of the adolescent mother, low adherence to prenatal and for restricting opportunities for educational and professional development, contributing to the increase in poverty and sexual and domestic violence. Besides the effects on the pregnant adolescents, their newborns are more exposed to present adverse clinical conditions, such as prematurity, resulting in damages to their health and development.

Objective:

to analyze the sociodemographic and gestational factors of adolescent mothers associated with prematurity.

Method:

cross-sectional, retrospective and analytical study, which included all teenage mothers and their newborns, born between January 1, 2019 and December 31, 2020 at Hospital de Clínicas de Porto Alegre, located in southern Brazil. Mother-baby binomials that did not have the variable gestational age in the database and those newborns who were not born in the hospital and/or were transferred from other hospitals were excluded. The sample size was calculated considering a prevalence of 14% of prematurity in adolescent mothers, with a confidence level of 95% and a power of 80%. Data referring to maternal and neonatal variables were obtained through a query of the patients’ charts, requested from the Medical Archiving and Health Information Service of the referred hospital. Data were analyzed using the Statistical Package for the Social Sciences. All variables were categorized and expressed by absolute and relative frequency. The chi-square or Fisher’s exact tests were used to verify the association between the outcomes and the other variables. To control confounding factors, variables with p<0.20 in the bivariate analysis were inserted into the multivariate Poisson Regression model. The significance level adopted was 5% (p≤0.05). The research project was approved by the Research Ethics Committee, under CAAE number 36972220.8.0000.5327. Ethical principles in health were respected, according to Resolution No. 466/2012.

Results:

488 adolescent mothers and their 489 newborns participated in the study. Most of the mothers lived without a partner, with inadequate schooling for their age, according to the classification of the Ministry of Education, were busy with studies or paid work and did not have adequate prenatal care for their gestational age, as recommended by the World Health Organization. The prevalence of prematurity was verified in 6.6% of adolescent mothers and was associated with adequate prenatal care, vaginal delivery and twin pregnancy. The prevalence of hospital readmissions in the neonatal period was 9.2% of the total number of newborns, mainly due to respiratory conditions.

Conclusion:

prematurity had a lower prevalence than it is commonly found in teenage mothers and was associated with adequate prenatal care, raising questions about the quality of prenatal care that is being offered to pregnant women, especially the approach to teenagers. It is also noticed that access to prenatal care may be intertwined with the lower sociodemographic and economic conditions to which these adolescents are exposed, which often overlaps with maternal age, contributing to the occurrence of unfavorable clinical outcomes, example of prematurity.