Impacto da implementação da Iniciativa Hospital Amigo da Criança para Unidades Neonatais - IHAC-Neo na prevalência do aleitamento materno exclusivo em prematuros e nas práticas assistenciais
Impact of implementation of the Baby-Friendly Hospital Initiative for Neonatal Wards - Neo-BFHI on the prevalence of exclusive breastfeeding in premature infants and care practices
Publication year: 2018
A Iniciativa Hospital Amigo da Criança (IHAC) é amplamente adotada nas maternidades brasileiras, porém não considera o contexto complexo e tecnológico das unidades neonatais e as dificuldades de amamentar o prematuro. O objetivo geral é avaliar o impacto da implementação da IHAC para Unidades Neonatais - IHAC-Neo, guiada pelo referencial da Knowledge Translation (KT), na prevalência do aleitamento materno exclusivo (AME) na alta hospitalar, no primeiro mês pós-alta e aos seis meses de vida entre os prematuros, e na adesão às diretrizes da IHAC-Neo. Tratase de estudo de intervenção, controlado, quase-experimental, pré e pós-teste, não equivalente e prospectivo, realizado em dois hospitais Amigos da Criança do Sudeste. A coleta foi realizada em dois momentos nos hospitais (intervenção e controle), com intervalo mínimo de 12 meses, sendo no hospital intervenção antes (M1) e após (M2) a implementação da IHAC-Neo. Foram coletados dados sobre prevalência do AME e condições de saúde dos prematuros por meio de levantamento de prontuários e entrevistas com mães; adesão à IHAC-Neo por meio de entrevistas com profissionais e mães, observação das unidades neonatais e análise documental; e dados qualitativos para monitorar fatores contextuais. A implementação da IHAC-Neo foi guiada pelo modelo Promoting Action on Research Implementation in Health Services da KT e pela estratégia Evidence-Based Practice Identification & Change. Para análise dos dados relativos a prevalência do AME e seus fatores preditores foi utilizado regressão logística com efeito aleatório. Esta tese integra projeto multicêntrico financiado e aprovado por Comitê de Ética em Pesquisa. A prevalência do AME na alta foi significativamente maior no hospital intervenção que no controle (p<0,01), resultante da diferença detectada no M1 (p<0,01) e no M2 (p=0,04), com taxas maiores de AME no hospital intervenção (M1=48,1%; M2=40,8%) do que no controle (M1=3,1%; M2=17,2%). Intragrupo, ao comparar os momentos, não houve diferença significativa no hospital intervenção (p=0,12) nem no controle (p=0,42). No primeiro mês pós-alta, manteve-se a prevalência do AME significativamente maior (p=0,02) no hospital intervenção (M1=46,1%; M2=29,8%) que no controle (M1=6,3%; M2=17,2%), devido diferença no M1 (p=0,02), já que não diferiu no M2 (p=0,41). Intragrupo, ao comparar os momentos, também não apresentaram diferença significativa no hospital intervenção (p=0,12) nem no controle (p=0,40). No sexto mês de vida, o AME somado ao aleitamento materno predominante não diferiu significativamente entre os hospitais intervenção e controle (p=0,27), independentemente do momento da coleta; nem entre os hospitais no M1 (p=0,46) e no M2 (p=0,39), embora o hospital intervenção tenha mantido maiores taxas (M1=14,3%; M2=10,6%) que o controle (M1=3,6%; M2=3,4%). Intragrupo, não houve diferença significativa no hospital intervenção (p=0,96) nem no controle (p=0,90). Na regressão logística ajustada, o único fator preditor do AME foi a duração da internação, apenas na alta hospitalar. Quanto as práticas relacionadas às diretrizes da IHAC-Neo tiveram importante melhora no hospital intervenção, com aumento da adesão global aos Dez Passos de 33% para 67%, aos Três Princípios Norteadores de 43% para 86% e ao Código de 56% para 81%, o que não foi tão pronunciado no controle. Conclui-se que a implementação da IHAC-Neo guiada pela KT aprimorou a prática clínica de promoção, proteção e apoio ao AME, com aumento da adesão à IHAC-Neo, mas não foi suficiente para aumentar o AME em prematuros em curto prazo
The Baby-Friendly Hospital Initiative (BFHI) is widely adopted in Brazilian maternity hospitals, even though the complex and technological context of neonatal wards and the difficulties with breastfeeding premature infants are not considered. The overall objective is to evaluate the impact of implementation of the BFHI for Neonatal Wards (Neo-BFHI) guided by the Knowledge Translation (KT) framework on the prevalence of exclusive breastfeeding (EBF) at hospital discharge, in the first month after discharge, and at six months of life among premature infants, and regarding compliance with Neo-BFHI guidelines. This is an intervention, controlled, quasiexperimental, pre-and post-test, non-equivalent and prospective study conducted in two BabyFriendly hospitals located in Southeastern Brazil. Data collection was performed in two moments at the hospitals (intervention and control) with a minimum interval of 12 months, and at the intervention hospital, collection was before (M1) and after (M2) implementation of the Neo-BFHI. Data on the prevalence of EBF and health conditions of preterm infants were collected from medical charts and interviews with mothers, and regarding compliance with the Neo-BFHI through interviews with professionals and mothers, observation of neonatal wards and documentary analysis. Qualitative data were collected to monitor contextual factors. Implementation of the NeoBFHI was guided by the model of Promoting Action on Research Implementation in Health Services of KT and by the Evidence-Based Practice Identification & Change strategy. Logistic regression with random effect was used for analysis of data on the prevalence of EBF and its predictive factors. This thesis integrates a multicenter project funded and approved by the Research Ethics Committee. The prevalence of EBF at discharge was significantly higher in the intervention hospital than in the control (p<0.01). This was a result from the difference detected in M1 (p<0.01) and in M2 (p=0.04), with higher rates (M1=48.1%; M2=40.8%) than in the control hospital (M1=3.1%; M2=17.2%). When comparing the moments intragroup, there was no significant difference in the intervention hospital (p=0.12) nor in the control (p=0.42). In the first month after discharge, the prevalence of EBF was significantly higher (p=0.02) in the intervention hospital (M1=46.1%; M2=29.8%) than in the control (M1=6.3%; M2=17.2%) because of the difference in M1 (p=0.02), since there was no difference in M2 (p=0.41). When comparing the moments intragroup, there was no significant difference in the intervention hospital (p=0.12) nor in the control (p=0.40). At the sixth month of life, when adding EBF and the predominant breastfeeding, there was no significant difference between the intervention and control hospitals (p=0.27) regardless of the time of collection; neither between hospitals in M1 (p=0.46) and in M2 (p=0.39), although the intervention hospital maintained higher rates (M1=14.3%; M2=10.6%) than the control (M1=3.6%; M2=3.4%). There was no significant difference intragroup in the intervention hospital (p=0.96) nor in the control (p=0.90). In the adjusted logistic regression, the only predictor of EBF was the duration of hospitalization only at hospital discharge. Practices related to Neo-BFHI guidelines improved significantly in the intervention hospital with increase of overall compliance with the Ten Steps from 33% to 67%, to the Three Guiding Principles from 43% to 86% and to the Code from 56% to 81%, which were not as marked in the control hospital. Thus, was reached the conclusion that implementation of KT-guided Neo-BFHI improved the clinical practice of promotion, protection and support to EBF with increased compliance with Neo-BFHI, but it was not sufficient to increase exclusive breastfeeding of preterm infants in the short term