Estudo de métodos mistos do conforto de estudantes de enfermagem para atender a pedidos de oração
Mixed methods study of nursing students comfort to answer prayer requests

Publication year: 2021

INTRODUÇÃO:

A oração é uma prática espiritual ancestral e amplamente difundida no Brasil e no mundo. Ainda que o ato de orar seja uma prática religiosa, quando solicitada pelo paciente pode se mostrar como um caminho para o cuidado espiritual e o atendimento às necessidades espirituais. No entanto, pode haver desconforto relacionado a essa prática quando esta é considerada pelo profissional de saúde como uma atividade além do cuidado. Esse desconforto pode interferir na prática do cuidado espiritual e o uso da oração como estratégia de acolhimento, de modo a provocar uma não aceitação desse pedido. A oração no cuidado em saúde pode ser influenciada por experiências individuais dos envolvidos, formação e crenças religiosas ou espirituais e pelo fato de o profissional sentir-se confortável ou não em relação a esta prática, como parte da sua função de cuidador.

OBJETIVO:

Explorar o conforto de acadêmicos de enfermagem com a solicitação de oração iniciada pelo paciente em diferentes cenários simulados.

METODOLOGIA:

Trata-se de um estudo de métodos mistos realizado com 90 estudantes matriculados no curso de graduação de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais no segundo semestre de 2020. Os estudantes responderam ao questionário sociodemográfico, ao Questionário de Conforto do Estudante de Enfermagem face a um Pedido de Oração pelo paciente (Prayer and the Registered Nurse-PRN) e ao instrumento de Qualidade de Vida/espiritualidade, religião e crenças pessoais (WHOQOL-SRPB).

RESULTADOS:

Verificou-se predominância de estudantes do gênero feminino, de cor branca e parda, com média de idade de 25 anos e que se reconhecem majoritariamente como católicos e evangélicos-protestantes. A maior parte dos participantes referiu conforto e disponibilidade em atender ao pedido de oração. Não se observou associação entre gênero, período do curso e identificação com as religiões católica e evangélicos-protestantes e o conforto dos estudantes para orar com pacientes e seus familiares. Já a experiência anterior em orar com um paciente ou familiar, idade maior que 23 anos, a identificação com alguma religião e maiores níveis de espiritualidade se mostraram associadas ao conforto em realizar a oração. A partir dos dados qualitativos, identifica-se que, o atendimento ao pedido de oração esteve relacionado a compatibilidade de crenças entre o estudante e o paciente, a ambientes que garantem privacidade para o atendimento ao pedido, ao conhecimento acerca do cuidado espiritual, à empatia e à capacidade de se conectar e atender às necessidades do indivíduo.

CONCLUSÃO:

O conforto para o cuidado espiritual e atendimento ao pedido de oração se relaciona com a aceitação ou não aceitação do pedido de oração realizado pelos pacientes. Identificar os fatores predisponentes para a tomada de decisão acerca desse pedido fornece subsídio para que a formação profissional, a pesquisa, a política e a prática possam fortalecer o que favorece o atendimento ao pedido e enfraquecer aquilo que conduz ao não atendimento. Por sua vez, para que essa realidade seja transformada, faz-se necessário a implementação de políticas de saúde pública e educacionais, além de um suporte das organizações e serviços de saúde voltados para o cuidado espiritual.

INTRODUCTION:

Prayer is an ancient and widespread spiritual practice in Brazil and around the world. Although the act of praying is a religious practice, when requested by the patient, it can be shown as a path to spiritual care and meeting spiritual needs. However, there may be discomfort related to this practice when it is considered by the health professional as an activity beyond care. This discomfort can interfere with the practice of spiritual care and the use of prayer as a welcoming strategy, in order to provoke non-acceptance of this request. Prayer in health care can be influenced by the individual experiences of those involved, training and religious or spiritual beliefs and by the fact that the professional feels comfortable or not in relation to this practice, as part of their role as a caregiver.

OBJECTIVE:

To explore the comfort of nursing students with patient-initiated prayer request in different simulated scenarios.

METHODOLOGY:

This is a mixed methods study carried out with 90 students enrolled in the undergraduate Nursing course at the Federal University of Minas Gerais in the second half of 2020. The students answered the sociodemographic questionnaire, the Nursing Student Comfort Questionnaire face to a Prayer Request by the patient (Prayer and the Registered Nurse-PRN) and to the instrument of Quality of Life/spirituality, religion and personal beliefs (WHOQOL-SRPB).

RESULTS:

There was a predominance of female students, white and brown, with a mean age of 25 years and who mostly recognize themselves as Catholics and Evangelical-Protestants. Most participants reported comfort and willingness to respond to the prayer request. There was no association between gender, period of the course and identification with the Catholic and Evangelical-Protestant religions and the students' comfort to pray with patients and their families. Previous experience in praying with a patient or family member, over 23 years of age, identification with a religion and higher levels of spirituality were associated with comfort in praying. From the qualitative data, it is identified that the fulfillment of the prayer request was related to the compatibility of beliefs between the student and the patient, to environments that guarantee privacy for the service of the request, to knowledge about spiritual care, to empathy and the ability to connect and meet the individual's needs.

CONCLUSION:

Comfort for spiritual care and answering the prayer request is related to the acceptance or non-acceptance of the prayer request made by the patients. Identifying the predisposing factors for decision-making about this request provides support so that professional training, research, policy and practice can strengthen what favors the fulfillment of the request and weaken what leads to non-compliance. In turn, for this reality to be transformed, it is necessary to implement public health and educational policies, in addition to support from health organizations and services focused on spiritual care.