Resiliência em idosos viúvos
Publication year: 2011
A dissertação de mestrado exposta neste documento revela o processo de resiliência no idoso. A vulnerabilidade dos idosos é facto assente, podendo ser intensificada por eventos de vida stressantes. A viuvez como um momento de transição de vida vivenciado por muitos idosos é descrita como um processo complexo. Ao ter sido estudada a fase da resolução do luto, foi possível apreender os factores que ajudam os idosos a reorganizarem as suas vidas e quais os que colocam em perigo a reabilitação. Optou-se por entrevistar viúvos a viver sós, salvaguardando-se a ocorrência do fenómeno de resiliência em idosos que, à partida, estavam a conseguir gerir o stress a as dificuldades geradas pelo luto e viuvez. Mais do que estudar o modo como os idosos resolvem o luto, pretendeu-se analisar as implicações, transformações e adaptações daí decorrentes. O estudo prende-se com o processo de transição gerado pelo luto, do evento de vida de morte do cônjuge e com os estilos e estratégias de coping, reconhecidas pelos idosos como sendo ou tendo sido importantes para a manutenção da sua autonomia. O estudo qualitativo incidiu na análise destes recursos, com entrevistas semi-estruturadas a 10 mulheres e a 8 homens. A análise do conteúdo revelou várias condições que devem coexistir para que a resiliência se manifeste e perdure, possibilitando um resultado final positivo. Das condições necessárias à manutenção do idoso viúvo no seu lar, destaca-se o apoio familiar, a saúde em geral, os recursos económicos e o auto conceito positivo. Apesar dos idosos do estudo ainda não terem reorganizado as suas vidas de forma clara e evidenciarem muitas fragilidades emocionais, demonstram percepção das suas capacidades e actuam no sentido de colmatar as suas carências. Os idosos aceitam a morte do seu cônjuge, apesar do sofrimento emocional que lhes causa. Embora a solidão esteja presente, os idosos não forçam os contactos sociais, favorecendo mesmo o isolamento e a introspecção. O seu comportamento não revela a manutenção de actividades inúteis, mas também não demonstra vontade expressa de reorganização da vida. O fenómeno da resiliência no luto dos idosos perdura aquando da presença permanente de factores de protecção, minimizando os factores de risco que persistem.
The master's thesis expounded in this document reveals the process of resilience in the elderly. The vulnerability of the elderly is unarguable and it can be intensified by stressful life events. Widowhood as a transitional moment of life experienced by many elderly people is described as a complex process. By studying, the phase of resolution of mourning, it was possible to identify which factors help older people to reorganize their lives and which endanger this rehabilitation. We chose to interview widows/widowers living alone, safeguarding the occurrence of the phenomenon of resilience in older people who, by reasonable assumption, were able to manage the stress and the difficulties created by grief and widowhood. More than studying how the elderly resolve grief, we sought to examine the implications, changes and adjustments derived from it. The study relates to the transition process generated by grief, the event of life and death of the spouse and the coping styles and strategies, recognized by the elderly as being important to maintain their autonomy. The qualitative study focused on analysis of projected resources, semi-structured interviews to 10 women and 8 men. The content analysis revealed several conditions that must coexist to manifest resilience and ensure its maintenance, allowing a positive outcome. From the conditions necessary to maintain the elderly widow/widower in her/his home, there are family support, health in general, the economic resources and positive self-concept. Although the elderly studied have not yet clearly reorganized their lives and show many emotional weaknesses, they demonstrate awareness of their capabilities and act to remedy their drawbacks. Older people accept the death of a spouse, despite the emotional pain it causes. Although loneliness is present, the elderly do not force social contact; instead, they favor the isolation and introspection. Their behavior does not reveal the maintenance of useless activities, but also doesn't show an expressed desire for the reorganization of life. The phenomenon of resilience in the mourning of the elderly occurs and persists when protective factors are a permanent presence, minimizing the persisting risk factors.