Adesão terapêutica do idoso hospitalizado com doença crónica

Publication year: 2011

A adesão ao regime terapêutico na pessoa idosa, com doença crónica, é um processo comportamental, multidimensional, complexo, contínuo e dinâmico, influenciado por vários factores (características do doente, do ambiente envolvente, da doença e do tratamento), não existindo um "gold standard" para a sua avaliação. Constitui um problema de saúde de grandes dimensões, compromete a eficácia do tratamento, tem implicações na gestão e controle da doença, com consequências na saúde e qualidade de vida do indivíduo, originando aumento dos encargos e sobrecarga do sistema de saúde. Para a compreensão do problema da adesão à terapêutica e da influência da adesão ao regime terapêutico efectuado no domicílio, procedemos à sua avaliação no internamento do idoso com doença crónica, de origem cardíaca, de onde resultou um estudo quantitativo, exploratório, descritivo e transversal, com o recurso à colheita de dados por questionário. A amostra foi por conveniência, constituída por pessoas idosas, com 65 e mais anos, internadas num serviço de Cardiologia, com doença cardíaca e que efectuavam no domicílio medicação prescrita para a doença cardíaca. Do estudo fizeram parte 44 pessoas idosas, de ambos os sexos, com média de idades de 74,68 anos, casados/união de facto, coabitam em famílias nucleares sem filhos, residem em meio rural, reformados, sem habilitações literárias, com baixo rendimento mensal, despendem mensalmente 50 a 100 Euros na compra de medicamentos, com antecedentes de doença cardíaca e várias co-morbilidades (evidenciando-se a Hipertensão Arterial e Diabetes Mellitus), com média de 2,59 internamentos por doença cardíaca, com média de 6,28 dias no último internamento, acompanhados maioritariamente pelo Cardiologista, realizam em média 2,98 consultas médicas anuais. Fazem duas e quatro tomas diárias de medicação, com autonomia, usam medicação cardíaca há mais de 87 meses, utilizando em média 4,25 medicamentos para a doença cardíaca, sendo os anticoagulantes o sub-grupo terapêutico mais utilizado, 86,4% são aderentes e 13,5% não aderentes ao regime terapêutico. Devido à reduzida dimensão da amostra, não foi possível determinar se existe ou não associação estatística significativa entre a adesão à terapêutica e o número de internamentos do idoso com doença crónica, de origem cardíaca. No entanto, este estudo permitiu caracterizar a amostra em relação a alguns factores que influenciam a adesão à terapêutica, possibilitando intervenções de enfermagem mais direccionadas e adequadas na promoção da adesão ao regime terapêutico e da autonomia das pessoas idosas, na prevenção de complicações relacionadas com os grupos e sub-grupos terapêuticos mais utilizados e com o uso de medicação de forma prolongada.
Adherence to therapy by elderly people suffering from chronic diseases is a behavioural, multidimensional, complex, continuous and dynamic process, influenced by several factors (patient, milieu, disease and treatment characteristics), and there isn't a 'gold standard' to evaluate it. It is a major health problem, it compromises treatment efficacy, and it has implications in disease management and control, with consequences to the individual's health and quality of life, occasioning increased costs and health system overload. In order to understand the problem of adherence to therapy as well as the influence of adherence to therapy performed at home, we evaluated these factors in hospitalised elderly people with chronic diseases of cardiac origin. This resulted in a quantitative, exploratory, descriptive and transversal study, using questionnaire as data collection method. The survey was conducted with a convenience sample composed by elderly people aged 65 and over, hospitalised in a Cardiology Service, suffering from heart disease, and taking prescribed medication for heart disease at home. The survey was held with 44 elderly people, both men and women, with an average age of 74,68 years, with the following characteristics: married/living together; cohabiting in nuclear families without children; residing in rural areas; retired; with no qualifications; on a low monthly income; spending 50 to 100 Euros on medication on a monthly basis; with antecedents of heart disease and several co-morbidities (particularly hypertension and diabetes mellitus); with an average of 2,59 hospitalisations due to heart disease, the most recent one having lasted for an average of 6,28 days; followed mostly by a cardiologist, and having a yearly average of 2,98 medical appointments. The surveyed elderly take medication twice and four times a day, autonomously; they are on cardiac medication for more than 87 months; they take an average of 4,25 medicines for heart disease, the anticoagulants being the most used therapeutic sub-group; and 86,4% adhere to therapy, whilst 13,5% do not. Due to the small sample size, it wasn't possible to determine if there is or not a significant statistic association between adherence to therapy and the number of hospitalisations of the elderly suffering from chronic diseases of cardiac origin. However, this study allowed us to characterise the sample in relation to certain factors that influence adherence to therapy, enabling nursing interventions more targeted and adequate in promoting adherence to therapy and elderly autonomy, as well as in preventing complications related to the most used therapeutic groups and sub-groups and to the use of long-term medication.