Ambiente de trabalho saudável na perspectiva da equipe de enfermagem no cenário hospitalar: o contexto da pandemia da COVID-19
Publication year: 2022
Este estudo objetivou compreender a configuração do ambiente de trabalho dos profissionais da enfermagem no cenário hospitalar, considerando o contexto de pandemia da COVID-19. Trata-se de um estudo de caso único com abordagem qualitativa realizado em um hospital público de grande porte em Belo Horizonte/Minas Gerais. Compuseram a amostra deste estudo enfermeiros e técnicos de enfermagem que atuam na instituição, das áreas assistencial e administrativa, com tempo de admissão superior há dois anos, totalizando 32 profissionais. Os dados foram coletados entre dezembro de 2021 e março de 2022. Após tratamento e análise, emergiram três categorias: Ambiente de Trabalho Saudável: concepção dos trabalhadores; Trilhando caminhos para o alcance de um ambiente de trabalho mais saudável: potencialidades e desafios; A pandemia: impactos na vida e no ambiente de trabalho dos profissionais da enfermagem. Evidenciou-se a necessidade de investimentos na promoção do ambiente de trabalho saudável nas dimensões física, psicossocial e recursos para a saúde pessoal, sendo preciso que esses valores sejam mais bem incorporados à cultura da instituição. Identificaram-se nas falas dos trabalhadores os sentimentos de acolhimento e satisfação com o local de trabalho, além de fatores e práticas organizacionais que contribuem para um ambiente de trabalho mais saudável, como aproximação da instituição com a comunidade, bom relacionamento interpessoal entre os trabalhadores e benefícios oferecidos pela instituição. Entretanto, os achados deste estudo apontam a necessidade de atenção a alguns fatores, como estrutura física, comunicação institucional, alta demanda de trabalho e desequilíbrio entre o volume de atividades e a capacidade de resposta dos profissionais. Identifica-se ainda a necessidade investimentos na valorização profissional, incentivo ao aperfeiçoamento e inserção dos trabalhadores de enfermagem nas instâncias decisórias. Ao avaliar as mudanças causadas pela pandemia no ambiente de trabalho e práticas profissionais, evidenciaram-se desafios, como alterações na estrutura física, mudanças constantes na rotina, aumento considerável da alta demanda de trabalho, medo da contaminação, absenteísmo devido à contaminação por COVID-19, além da dificuldade de lidar com a instabilidade e o óbito de usuários. Essas questões diminuíram a qualidade do ambiente de trabalho e trouxeram impactos físicos e emocionais, como insegurança, estresse e ansiedade. Nesse período, a instituição adotou medidas para assegurar a proteção de trabalhadores e usuários e tentar minimizar os efeitos da pandemia, como treinamentos, aumento de quadro de pessoal, reforço às práticas de segurança do trabalhador, mudanças de fluxos institucionais e investimentos na promoção do bem-estar. Conclui-se que a instituição tem estratégias e atividades que se relacionam à temática deste estudo, sendo essas adotadas antes do período pandêmico, mas também durante. Todavia, por vezes essas medidas se perdem por serem pouco articuladas e possuírem caráter temporário. Assim, para que estas sejam efetivas, sustentáveis e tenham maior alcance, é preciso um olhar ampliado para as necessidades apresentadas pelos trabalhadores, estímulo à escuta qualificada, maior inserção dos profissionais nas instâncias decisórias e planejamento robusto que sustente as ações implementadas a longo prazo, trazendo impactos positivos.
This study aimed to understand the configuration of the work environment of nursing
professionals in the hospital scenario, considering the context of the COVID-19 pandemic. This is a single case study with a qualitative approach carried out in a large public hospital in Belo Horizonte/Minas Gerais. The sample of this study was composed of nurses and nursing technicians who work in the institution, from the care and administrative areas, with more than two years of admission, totaling 32 professionals. The data were collected between December 2021 and March 2022. After treatment and analysis, three categories emerged: Healthy Work Environment: conception of workers; Pathways for the achievement of a healthier work environment: potentialities and challenges; The pandemic: impacts on the life and work environment of nursing professionals. The need for investments in the promotion of a healthy work environment in the physical, psychosocial and personal health dimensions was evident, and it is necessary that these values be better incorporated into the institution's culture. We identified in the statements of the workers the feeling of welcome and satisfaction with the workplace, as well as organizational factors and practices that contribute to a healthier work environment, such as the institution's closeness to the community, good interpersonal relationships among workers, and benefits offered by the institution. However, the findings of this study point to the need for attention to some factors such as the physical structure, institutional communication, high demand for work, and an imbalance between the volume of activities and the response capacity of the professionals. We also identify the need for investments in professional valuation, incentives for improvement and the insertion of nursing workers in decision-making bodies. When evaluating the changes caused by the pandemic in the work environment and professional practices, it was evidenced challenges such as changes in the physical structure, constant changes in routine, considerable increase in the high demand of work, fear of ontamination, absenteeism due to contamination by COVID-19, besides the difficulty in dealing with the instability and death of users. These issues decreased the quality of the work environment and brought physical and emotional impacts such as insecurity, stress, and anxiety. In this period, the institution adopted measures to ensure the protection of workers and users and to try to minimize the effects of the pandemic, such as training, increased staff, reinforcement of worker safety practices, changes in institutional flows, and investments in the promotion of well-being. We conclude that the institution has strategies and activities related to the theme of this study, which were adopted before the pandemic period, but also during it. However, sometimes these measures are lost because they are not well articulated and have a temporary character. Thus, for them to be effective, sustainable and have a greater reach, it is necessary to have a broader look at the needs presented by workers, stimulate qualified listening, greater insertion of professionals in decision-making bodies and robust planning that supports the actions implemented in the long term, bringing positive impacts.