Publication year: 2022
Introdução:
A equipe de enfermagem prestou assistência direta a pacientes durante a pandemia, constituindo a linha de frente dos diversos serviços de saúde, seja pela atuação em unidades dedicadas a pacientes vítimas da COVID-19 como também nas unidades não dedicadas. Objetivo:
O presente estudo objetivou analisar o trabalho e a saúde das equipes de enfermagem que atuaram em unidades dedicadas e não dedicadas à COVID-19 no enfrentamento à pandemia. Método:
Trata-se de estudo multicêntrico, de métodos mistos e estratégia explanatória sequencial. Realizado no período de agosto de 2020 a maio de 2021, em unidades dedicadas e não dedicadas ao atendimento de pacientes infectados de quatro hospitais terciários referência no Sistema Único de Saúde. A população foi composta por profissionais da equipe de enfermagem atuantes durante o período da coleta de dados. Participaram da primeira etapa 845 profissionais que responderam a formulário eletrônico contendo questões acerca de variáveis sociodemográficas e laborais, questões referentes à pandemia e à própria saúde, bem como o instrumento Self-Reporting Questionnaire. Empregou-se estatística descritiva e analítica, considerando significativos valores de p<0,05 e intervalos de confiança de 95%. A segunda etapa do estudo foi composta por uma amostra de 19 profissionais, selecionados intencionalmente a partir da primeira etapa, e foi realizada através de videochamada. Os dados qualitativos foram transcritos e analisados por análise de conteúdo temática. Os achados quantitativos e qualitativos foram integrados a partir da conexão e os resultados apresentados em formato de joint display. Os preceitos éticos foram respeitados e o estudo foi aprovado no Comitê Nacional de Ética em Pesquisa sob CAAE 33105820.2.0000.0008. Resultados:
A pandemia impactou na saúde dos profissionais da enfermagem e os Distúrbios Psíquicos Menores foram igualmente elevados entre profissionais das unidades dedicadas e não dedicadas à COVID-19. A composição das equipes se mostrou diferente entre as áreas, com aumento de exigências no trabalho nas áreas dedicadas à COVID-19 e nas percepções de risco aumentadas entre trabalhadores das áreas não dedicadas. As entrevistas foram convergentes a esses achados, revelando ainda, vivências de exaustão emocional auto percebida e identificada nos colegas da equipe, com impacto sobre a assistência e os relacionamentos. Práticas de autocuidado e busca de apoio profissional foram as estratégias utilizadas para o enfrentamento do sofrimento e adoecimento relacionado ao trabalho na pandemia. Conclusão:
Os profissionais da enfermagem sofreram impacto da pandemia sobre a sua saúde, evidenciado através de adoecimento psíquico com alta prevalência de Distúrbios Psíquicos Menores e autopercepção de exaustão emocional. Não houve diferença no impacto quando comparadas às unidades de atuação dos profissionais, porém houve aumento do nível de exigência do trabalho nas unidades dedicadas à COVID-19 e aumento do medo diante da exposição de se contaminar entre os profissionais das não dedicadas. Práticas de autocuidado e a busca de apoio profissional foram as estratégias mais utilizadas para o enfrentamento do sofrimento e adoecimento relacionado ao trabalho na pandemia. Investimentos em medidas de promoção à saúde e prevenção de agravos dos profissionais de enfermagem devem ser realizados aos trabalhadores de ambas as unidades.
Introduction:
The nursing team provided direct assistance to patients during the pandemic, constituting the front line of the various health services, either by working in units dedicated to patients victims of COVID-19 as well as in non-dedicated units. Objective:
The present study aimed to analyze the work and health of nursing teams that worked in dedicated and non-dedicated units to COVID-19 in the face of the pandemic. Method:
This is a multicenter study, with mixed methods and sequential explanatory strategy. Held from August 2020 to May 2021, in dedicated and non-dedicated units to the care of infected patients at four tertiary referral hospitals in the Unified Health System. The population consisted of professionals from the nursing team working during the data collection period. A total of 845 professionals participated in the first stage, who responded to an electronic form containing questions about sociodemographic and occupational variables, questions regarding the pandemic and their own health, as well as the Self-Reporting Questionnaire. Descriptive and analytical statistics were used, considering significant values of p<0.05 and confidence intervals of 95%. The second stage of the study consisted of a sample of 19 professionals, intentionally selected from the first stage, and was carried out through video call. Qualitative data were transcribed and analyzed by thematic content analysis. Quantitative and qualitative findings were integrated from the connection and the results presented in a joint display format. Ethical precepts were respected and the study was approved by the National Research Ethics Committee under CAAE 33105820.2.0000.0008. Results:
The pandemic impacted the health of nursing professionals and Minor Psychic Disorders were equally high among professionals from dedicated and non-dedicated COVID-19 units. The composition of teams was different between areas, with increased work demands in areas dedicated to COVID-19 and increased risk perceptions among workers in non-dedicated areas. The interviews converged to these findings, also revealing experiences of self-perceived and identified emotional exhaustion in teammates, with an impact on care and relationships. Self-care practices and seeking professional support were the strategies used to cope with work-related suffering and illness in the pandemic. Conclusion:
Nursing professionals suffered the impact of the pandemic on their health, evidenced by psychic illness with a high prevalence of Minor Psychic Disorders and self-perception of emotional exhaustion. There was no difference in the impact when compared to the units where the professionals work, but there was an increase in the level of work demand in the units dedicated to COVID-19 and an increase in fear of being exposed to contamination among the professionals of the non-dedicated ones. Self-care practices and the search for professional support were the most used strategies for coping with work-related suffering and illness in the pandemic. Investments in health promotion and disease prevention measures for nursing professionals should be carried out to workers at both units.