Atitudes da população portuguesa sobre as DAV
Publication year: 2018
O avanço científico e tecnológico interfere cada vez mais nos processos da morte. Nas situações clínicas em que não existem expectativas de recuperação, a pessoa maior de idade pode manifestar a sua vontade de recusar cuidados de saúde inúteis ou desproporcionados, com recurso às Diretivas Antecipadas de Vontade (DAV), legisladas em Portugal desde julho de 2012. Este trabalho teve como objetivo conhecer as atitudes da população portuguesa sobre as DAV e relacionar as atitudes com variáveis sociodemográficas, vivências de situações de morte e conhecimento sobre as DAV. Trata-se de um estudo quantitativo, descritivo, correlacional, com recurso a um questionário divulgado por via eletrónica. Este continha uma escala de atitudes sobre as DAV, que foi testada nas suas propriedades psicométricas. Fizeram parte da amostra 1024 indivíduos, na maioria mulheres, católicas e licenciadas, com uma média de idade de 40 anos e com formação na área da saúde. Grande parte já tinha passado por situações de morte de familiares ou amigos, mas apenas 1/3 vivenciou situações de cuidados paliativos. A maioria já tinha ouvido falar sobre as DAV, mas apenas 2,34% referem ter feito uma. No global as atitudes são favoráveis às DAV e o nível de conhecimentos é positivo. Há diferenças significativas nas atitudes face às DAV e o género, religião e formação relacionada com a saúde. A vivência de situações de familiares ou amigos em cuidados paliativos não foi determinante nas atitudes perante as DAV. Quanto maior o conhecimento, mais favoráveis as atitudes face às DAV. Os resultados relevam a necessidade de investir no aumento do conhecimento da população sobre as DAV.
Scientific and technological advances increasingly interfere with the processes of dying. In clinical situations in which there is no expectation of recovery, the person of legal age can express their will to refuse useless or disproportionate health care, using Advance Directives of Will (ADW), legislated in Portugal since July 2012. The aim of this study was to understand the attitudes of the Portuguese population towards Advance Directives and to relate these attitudes to sociodemographic variables, experiences of death and knowledge of Advance Directives. This was a quantitative, descriptive, correlational study using a questionnaire published electronically. The questionnaire contained a scale of attitudes towards AD, which was tested for its psychometric properties. The sample comprised 1024 individuals, mostly women, Catholic and university graduates, with an average age of 40 years and with a health background. Most of them had experienced the death of family members or friends, but only 1/3 had experienced palliative care. The majority had heard about ADV, but only 2.34% reported having done one. Overall, attitudes are favourable to ADC and the level of knowledge is positive. There are significant differences in attitudes towards AWD and gender, religion and health-related education. The experience of family members or friends in palliative care was not a determining factor in attitudes towards ADVs. The greater the knowledge, the more favourable the attitudes towards ADVs. The results highlight the need to invest in increasing the population's knowledge of AD.