Comunicação de más notícias em contexto de urgência: práticas e dificuldades da equipa de saúde

Publication year: 2018

A comunicação de más notícias é uma atividade difícil para o profissional de saúde, quer pela gravidade das situações, quer pelas questões éticas associadas. Esta comunicação pode ser facilitada se for encarada como uma competência dos profissionais, devendo ser aprendida e aprofundada para que os profissionais a possam integrar na sua prática diária. De forma a identificar as práticas e as dificuldades dos profissionais de saúde na comunicação de más notícias em contexto de urgência, realizámos um estudo quantitativo de carácter exploratório, descritivo, comparativo e transversal com recurso ao questionário aplicado a médicos e enfermeiros, a exercerem funções num serviço de urgência. Os dados foram sujeitos a análise estatística e à análise de conteúdo. Os resultados revelam que o médico é o principal responsável pela comunicação de más notícias. A maioria dos profissionais de saúde consideram que os doentes têm o direito de serem sempre informados sobre o conteúdo da má notícia, mas revelam que na sua prática o doente não é o primeiro a ser informado. Os principais motivos alegados pelos profissionais de saúde para omitirem informação prendem-se com a possibilidade desta ser prejudicial ao bem-estar do doente. Encontraram-se diferenças significativas nas práticas relacionadas com a informação ao doente/família da má notícia, onde a percentagem dos médicos é superior à dos enfermeiros e relativamente à informação sobre o conteúdo da má notícia, os enfermeiros apresentam frequências superiores. Os profissionais de saúde reconhecem a formação como uma estratégia fundamental para o desenvolvimento de competências na área da comunicação de más notícias.
The communication of bad news is a difficult activity with which the healthcare professional is faced on a daily basis, either by the seriousness of the situations or by the ethical issues associated. This communication can be facilitated if it is seen as a technique inherent to the profession and for this it needs to be learned and deepened so that the professionals can make it an integral part of their work. In order to identify the practices and difficulties of healthcare professionals in the communication of bad news in an emergency context, we conducted a quantitative study of an exploratory, descriptive, comparative and transversal character using a questionnaire applied to 100 healthcare professionals, doctors and nurses, performing functions in an emergency department . Data were subjected to statistical analysis and content analysis. The results reveal that the doctor is mainly responsible for communicating bad news. Most health professionals consider that patients have the right to be kept informed about the content of the bad news, but they reveal that in their practice the patient is not the first to be informed. The main reasons alleged by healthcare professionals to omit information relate to the possibility that this is detrimental to the well-being of the patient. Significant differences were found in practices related to patient / family information of bad news, where the percentage of physicians is higher than that of nurses, and nurses present higher frequencies with respect to information about the content of bad news. Health professionals recognize training as a fundamental strategy for the development of skills in the area of bad news communication.