Perfil do doente com traumatismo cranioencefálico atendido num serviço de urgência de uma ULS do norte de Portugal
Publication year: 2023
Um traumatismo cranioencefálico (TCE) ocorre como consequência de uma força mecânica direta ou indireta aplicada na cabeça. É considerado um dos principais problemas de saúde pública de âmbito mundial e as suas características epidemiológicas variam de acordo com cada população, encontrando-se entre os tipos de trauma mais frequentes nos serviços de urgência. As vítimas de TCE exigem intervenções de enfermagem adequadas pelo que, o enfermeiro, enquanto membro fundamental de uma equipa multidisciplinar, necessita de constante atualização e desenvolvimento de competências, numa abordagem holística do doente neurocrítico.
Objetivos:
O presente trabalho tem por objetivo geral: Caracterizar o perfil do doente com traumatismo cranioencefálico atendido num serviço de urgência de uma ULS do Norte de Portugal. Definiram-se como objetivos específicos: (i) Caracterizar o perfil sociodemográfico da amostra; (ii) Caracterizar a amostra em função da presença de fatores de risco; (iii) Identificar as principais etiologias do traumatismo cranioencefálico; (iv) Determinar a gravidade do TCE, pela avaliação do nível de consciência dos doentes, através da Escala de Coma de Glasgow; (v) Identificar a principal sintomatologia pós TCE nas vítimas; (vi) Identificar o número de doentes em função dos exames complementares de diagnóstico realizados; (vii) Identificar as principais lesões cranioencefálicas associadas ao traumatismo nos doentes; (viii) Avaliar a prevalência de TCE na população atendida no SU no período de recolha de dados definido.Métodos:
Para a realização do presente trabalho foi desenvolvido um estudo observacional, descritivo, de abordagem quantitativa. Utilizando um método não- probabilístico, com uma amostragem por conveniência, foi obtida uma amostra de 153 vítimas de TCE que recorreram ao SU de uma ULS do Norte de Portugal, no período compreendido entre 5 de abril a 5 de julho de 2022. Os dados foram colhidos através de um instrumento de recolha de dados elaborado para o efeito, com base na observação, complementados com o resultado de exames de diagnóstico realizados e respetivo diagnóstico médico.Resultados:
Os resultados obtidos evidenciam predomínio do sexo masculino (56,9%), com uma média de idades de 63,5 anos (DP 28,79), verificando-se uma maior prevalência de TCE nos pacientes com idade superior ou igual a 85 anos (29,4%) e maioritariamente residentes em ambiente rural (55,6%). A principal etiologia foram as quedas da própria altura (56,3%), com predomínio do TCE Ligeiro (98,6%). O fator de risco predominante foi a idade superior a 65 anos (58,8%) e a principal sintomatologia associada foi a perda de consciência (22,3%). A Tomografia Computorizada cerebral foi o exame complementar de diagnóstico dominante (84,9%) e as lesões na pele/couro cabeludo foram as mais frequentes nos TCE observados (42,5%). Quanto aos traumatismos associados, os mais frequentes foram os traumatismos nos membros (31,4%). Houve predomínio da alta hospitalar após observação clínica (72,5%). A taxa de prevalência de TCE no respetivo SU no período estudado foi de 1,68 %.Conclusão:
Conhecer melhor o perfil da vítima de TCE atendida num SU e tendo em consideração que a atuação do enfermeiro especialista na intervenção antecipada e prevenção de complicações na Pessoa em situação Crítica é fundamental uma vez que, no seu percurso desde a lesão até à alta clínica, esta pode sofrer inúmeras complicações. Dessa forma, o perfil encontrado sugere a importância da adoção de medidas de prevenção das principais etiologias do TCE bem como o aprimoramento no atendimento às vítimas.
Traumatic brain injury (TBI) occurs as a result of direct or indirect mechanical force applied to the head. It is considered one of the major public health problems worldwide, and its epidemiological characteristics vary according to each population, being among the most frequent types of trauma seen in emergency services. TBI victims require appropriate nursing interventions, and nurses, as key members of a multidisciplinary team, need constant updating and constant skill development in a holistic approach to the neurocritical patient.