Publication year: 2021
Introdução:
A população idosa responde por maior utilização dos serviços de saúde pelas particularidades dessa faixa etária. Conhecer as interfaces na utilização dos serviços é uma lacuna de conhecimento e pode auxiliar na identificação de fragilidades e potencialidades na assistência e na gestão. Objetivo:
Analisar a utilização dos serviços públicos de saúde especializados por idosos no município de Porto Alegre/RS, por sexo e grupo etário. Métodos:
Estudo transversal analítico com dados secundários dos sistemas Gerenciamento de Consultas e de Internações. Foram incluídos usuários com 60 anos ou mais, residentes no município e com consulta ambulatorial e/ou internação hospitalar, em 2019, excluindo-se os retornos e duplicados, com amostra final de 64.888 idosos. Variáveis quantitativas foram descritas por média e desvio padrão ou mediana e amplitude interquartílica e as categóricas por frequências absolutas e relativas. Utilizado teste qui-quadrado de Pearson, complementado pela análise dos resíduos ajustados para verificar as associações da utilização de serviços por sexo e grupo etário e motivos de atendimento com os tipos de serviço (p<0,05). Projeto aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre (CAAE 30418320.0.3001.5338). Resultados:
A média de idade foi de 71 anos, mulheres (61,7%), na faixa etária de 60 a 79 anos (83,2%), com registro de um atendimento especializado durante o ano (57%), sendo a maioria em serviços ambulatoriais (82,8%) e referenciada por unidades de Atenção Primária à Saúde (74,7%). Atendimentos especializados em fisioterapia (14,1%), reabilitação (2,9%), odontologia (2%) e saúde mental (1,9%) foram mais prevalentes entre mulheres e idosos jovens. A Gerência Distrital Centro foi o local de origem da maioria dos idosos. Doenças do aparelho circulatório foram o principal motivo dos atendimentos especializados (21,4%), em longevos (25,6%) e nos homens (23,7%). Nos atendimentos ambulatoriais foram as doenças osteomusculares (22,5%), nas internações eletivas as neoplasias (35,2%) e, nas de urgência, as doenças do aparelho circulatório (37,9%). O tempo médio de espera para consulta ambulatorial foi de 121 dias, sendo a cirurgia bariátrica/obesidade com o maior período. A classificação azul (44,1%) foi a mais utilizada pelos profissionais solicitantes e a amarela (35,6%) pelos reguladores. Entre os idosos que não consultaram, todos necessitaram de internação hospitalar, sendo 82,6% de urgência, com maior prevalência entre os longevos (94,3%). Conclusões:
Os serviços públicos de saúde especializados foram mais utilizados por mulheres e idosos jovens. A maior parte utilizou pelo menos um desses serviços durante o ano, sendo mais frequente o atendimento ambulatorial. O estudo demonstrou potencialidades e limitações, por sexo e grupo etário para o atendimento em serviços especializados, bem como sua relação com a APS, fornecendo subsídios para maior efetividade na constituição de redes assistenciais coordenadas para idosos.