Preparação segura de injetáveis: Contributos para a melhoria das práticas dos enfermeiros
Publication year: 2023
As infeções associadas aos cuidados de saúde (IACS) comprometem a segurança e a qualidade dos serviços de saúde. Globalmente, o impacto das IACS está a ser priorizado nas decisões políticas pois contribuem para a ameaça global da resistência antimicrobiana. Na prática clínica, a preparação e administração de medicação injetável são das intervenções invasivas realizadas com maior frequência pelos enfermeiros, podendo a prática segura de preparação de injetáveis, contribuir para minimizar as IACS. A atenção dispensada a esta temática tem ganho destaque e a literatura salienta a baixa uniformização das práticas entre instituições e entre profissionais, bem como, desvios no que respeita aos princípios da segurança, justificando-se a realização de investigação neste âmbito. O presente estudo toma por objeto a preparação segura de medicação injetável realizada pelos enfermeiros e pretende conhecer as práticas clínicas com o intuito de por um lado, identificar na preparação de injetáveis condicionalismos que possam colocar em causa a segurança do doente e, por outro lado, contribuir para a melhoria dos cuidados prestados pelos enfermeiros. Trata-se de um estudo observacional, descritivo e transversal com enfoque numa abordagem quantitativa realizado em duas fases. Numa primeira fase, foram observadas as práticas em 45 momentos de preparação de medicação realizada por enfermeiros de um serviço de internamento hospitalar através da utilização de uma grelha de observação. Numa segunda fase, 20 enfermeiros responderam a um questionário adaptado da grelha de observação que pretendia avaliar o nível de importância atribuído à preparação de medicação injetável. Da análise dos resultados da primeira fase verificou-se que em 93.3% das observações os profissionais não procederam à desinfeção prévia superfície de preparação da medicação; em metade das observações os participantes não garantiram a abertura dos invólucros das seringas ou agulhas pela zona referenciada e em cerca de 90% das observações os participantes não desinfetaram previamente o tabuleiro usado para o transporte da medicação até ao doente. A literatura identifica falhas idênticas na preparação de medicação injetável. Da leitura dos dados retirados dos questionários as opções mais frequentemente assinaladas foram as que consideram as afirmações em análise sobre a preparação da medicação injetável entre «pouco e muito importante», com exceção dos itens «desinfetar o gargalo da ampola ou «pescoço» da ampola antes de quebrar o mesmo» e «na reconstituição e/ou diluição dos medicamentos, usar solvente de dose múltipla» que obtiveram respostas compatíveis com a opinião de «nada importante». Os resultados do estudo poderão contribuir para a mudança das práticas de preparação de injetáveis, com foco na segurança dos utentes, numa perspetiva de melhoria contínua dos cuidados de enfermagem.
Healthcare-associated infections (HAIs) compromise the safety and quality of healthcare services. Globally, the impact of HAIs is being prioritised in policy making as they contribute to the global threat of antimicrobial resistance. In clinical practice, the preparation and administration of injectable medication are the most common invasive interventions performed by nurses, and the safe practice of injectable preparation may contribute to minimizing HAIs. The attention paid to this issue has gained prominence and the literature highlights the low standardization of practices between institutions and professionals, as well as deviations with regard to safety principles, thus justifying research in this area. This study focuses on the safe preparation of injectable medication by nurses and aims to identify clinical practices with the purpose of, on the one hand, identifying constraints in the preparation of injectables that may jeopardise patient safety and, on the other hand, contributing to improve the care provided by nurses. This is an observational, descriptive and cross-sectional study focused on a quantitative approach, which was conducted in two phases. In the first phase, the practices of 45 moments of medication preparation performed by nurses in a hospital inpatient service were observed through the use of an observation grid. In a second phase, 20 nurses answered a questionnaire adapted from the observation grid to assess the level of importance assigned to the preparation of injectable medication. The analysis of the results from the first phase showed that, in 93.3% of the observations, professionals did not previously disinfect the medication preparation surface; in half of the observations, participants did not ensure the opening of the syringe or needle casings by the referenced area and, in approximately 90% of the observations, participants did not previously disinfect the tray used to transport medication to the patient. The literature identifies identical failures in the preparation of injectable medication. From the reading of the data taken from the questionnaires, the most frequently marked options were those that considered the statements under analysis on the preparation of injectable medication to be between "not very important and very important", with the exception of the items "disinfect the ampoule neck or "neck" of the ampoule before breaking it" and "when reconstituting and/or diluting the medication, use multiple dose solvent", which obtained answers compatible with the opinion of "not at all important". The results of the study may contribute to changing practices in the preparation of injectables, with a focus on patient safety, from a perspective of continuous improvement of nursing care.