Publication year: 2021
Introdução:
As atividades desenvolvidas pela equipe de enfermagem do Centro de Material e Esterilização (CME) possuem diversas etapas para chegar ao produto final que é a entrega de um produto para saúde processado seguramente para o uso no paciente. A segurança do paciente tem sido trabalhada em setores assistenciais com contato direto com o paciente e a cultura de segurança já vem sendo construída. Em contrapartida, não há recomendações para sua promoção no CME, apesar de ser um setor de cuidados indiretos, ele possui extrema relação e impacto na assistência, além de processos complexos e fragmentados que mudam constantemente, além de tecnologias e equipe específica. Objetivo:
Analisar as percepções de enfermeiros com experiência profissional em CME sobre cultura de segurança. Método:
O estudo foi qualitativo do tipo exploratório e descritivo e o campo de estudo foi em CME classe II. Amostra composta por conveniência totalizando 12 enfermeiras que possuíam no mínimo um ano de experiência profissional exclusiva em CME. A primeira parte da coleta de dados iniciada em dezembro de 2020, as participantes assinaram o TCLE, preencheram o formulário eletrônico com dados socioprofissionais. A segunda parte da coleta, em março de 2021, foram realizadas as entrevistas individuais gravadas pelo aplicativo Google Meet® guiada por um roteiro semiestruturado, após cada entrevista procedeu-se a transcrição literal. Projeto de pesquisa aprovado pelo CEP da UFRGS, CAAE 39519020.4.0000.5347. Análise dos dados:
Os dados socioprofissionais tabulados em planilha e as 12 entrevistas foram ajustadas em um corpus para tratamento no software IRaMuTeQ, utilizando a classificação hierárquica descendente (CHD), as classes emergentes foram submetidas à análise de conteúdo de Bardin. Resultados:
Todas participantes eram do sexo feminino, com faixa etária prevalente dos 30 aos 39 anos. 11 possuíam curso de pós-graduação do tipo lato sensu e uma participante cursando doutorado. A maioria das participantes possuíam experiência maior de cinco anos, sendo que metade da amostra com mais de dez anos de CME. A CHD gerou 937 segmentos de texto (ST), com aproveitamento de 821 ST (87,63%). O conteúdo textual gerou quatro classes (C): Classe 1 – Dificuldades na comunicação interna do CME, com 252 ST (30,69%); Classe 2 – Dificuldades no aprendizado com erros e a cultura justa, com 125 ST (15,23%); Classe 3 – Baixa visibilidade do CME para a segurança do paciente, com 221 ST (26,92%); Classe 4 – O cuidado indireto do CME, com 223 ST (27,16%). Considerações finais:
Houve ambiguidade nas percepções das participantes, pois as enfermeiras participantes demonstram muito conhecimento relacionado aos processos do CME e de como eles podem impactar na assistência, bem como a prevenção de infecções relacionadas à assistência e de que a tomada de decisões é centrada no cuidado aos pacientes. Entretanto há percepções de baixo reconhecimento e valorização do seu trabalho por não estar inserido no contexto da cultura de segurança do paciente, consequentemente não participando de políticas relacionadas à assistência segura. As enfermeiras como líder percebem a importância do seu engajamento com a segurança do paciente e trabalham alguns elementos na comunicação, prática baseada em evidência, aprendizado com erros e cultura justa de forma intuitiva. Maiores estudos serão necessários ainda para explorar esta temática em CME para contribuir com a construção de uma cultura de segurança para esta área e posteriormente ser mensurada em futuros estudos com abordagem quantitativa.
Introduction:
The activities carried out by the nursing staff of central sterile supply departments (CSSD) have several steps to reach the final product, which is the delivery of a safe processed health product for use in the patient. Patient safety has been worked on in care sectors with direct contact with the patient and a safety culture is already being built. On the other hand, there are no recommendations for its promotion in the CSSD, despite being an indirect care sector, it has an extreme relationship and impact on care, in addition to complex and fragmented processes that constantly change, in addition to technologies and specific staff. Objective:
To analyze the perceptions of nurses with professional experience in CSSD about safety culture. Method:
Qualitative exploratory and descriptive study. The field of study was with CSSD nurses. Convenience sample composed of 12 nurses who had at least one year of exclusive professional experience in CSSD. All participants signed the consent form, filled out the electronic form with socio-professional data and participated in an individual interview using the Google Meet® application guided by a semi-structured script. Research project approved by the CEP of UFRGS, CAAE 39519020.4.0000.5347. Data analysis:
Socio-professional data tabulated in a spreadsheet and interviews analyzed by the IRaMuTeQ software, through the descending hierarchical classification (CHD) and the defined classes submitted to Bardin’s content analysis. Results:
All participants were female, with a prevalent age group ranging from 30 to 39 years old. 11 had a postgraduate specialization course and one participant was studying for a doctorate. Most participants had more than five years of experience, and half of the sample had more than ten years of CSSD. CHD generated 937 text segments (ST), with 821 ST (87.63%) being used. The textual content generated four classes (C): Class 1 – Difficulties in the internal communication of the CSSD, with 252 ST (30.69%); Class 2 – Difficulties in learning with errors and fairness in treatment, with 125 ST (15.23%); Class 3 – Low visibility of the CSSD for patient safety, with 221 ST (26.92%); Class 4 – Indirect care of the CSSD, with 223 ST (27.16%). Final considerations:
There was ambiguity in the participants’ perceptions, as the participating nurses demonstrate a lot of knowledge related to the MSC processes and how they can impact care, as well as the prevention of care-related infections and that decision-making is centered on patient care. However, there are perceptions of low recognition and appreciation of their work for not being inserted in the context of the patient safety culture, consequently not participating in policies related to safe care. Nurses as leaders realize the importance of their engagement with patient safety and work some elements on communication, evidence-based practice, learning from mistakes and fair culture in an intuitive way. Further studies will still be needed to explore this theme in CSSD in order to build a safety culture for this area in the future and later be measured.