Efeito do biofeedback da variabilidade da frequência cardíaca no estresse e na resiliência dos profissionais da enfermagem: ensaio clínico randomizado

Publication year: 2021

Introdução:

O trabalho da enfermagem é caracterizado por estressores decorrentes das cargas físicas e mentais, podendo ocorrer adoecimento quando uma discrepância entre o grau de exigência do trabalho e os recursos disponíveis para gerenciá-lo. A resiliência pode ser um fator de proteção contra o estresse. O biofeedback da variabilidade da frequência cardíaca (BFK VFC) pode ser utilizado para a prevenção do estresse e promoção da resiliência.

Objetivo:

Avaliar o efeito do BFK VFC no estresse e na resiliência dos profissionais da enfermagem quando comparado a uma atividade placebo.

Método:

Ensaio clínico randomizado, realizado com os profissionais da enfermagem das unidades de internação para adultos clínicos e cirúrgicos em um hospital público. A população de interesse foi profissionais com sintomas de estresse, os quais foram selecionados através da Escala de Sintomas de Estresse. A amostra foi randomizada em grupo intervenção (GC; n=58), o qual realizou oito sessões de biofeedback da variabilidade da frequência cardíaca com o software Emwave Pro Plus®, e controle (GC; n=57), cuja atividade placebo foi oito sessões um quebra cabeça online. Utilizou-se a Escala de Sintomas de Estresse, Escala de Estresse no Trabalho e Resiliência no Trabalho, e o biomarcador foi a variabilidade da frequência cardíaca. A análise estatística foi realizada através de estatística descritiva e analítica, com a utilização dos testes T, Qui-quadrado e Equações de Estimativas Generalizadas. O registro no Clinical trials recebeu número 04446689.

Resultados:

A idade média na amostra foi 43,2±8,4 anos, com 42,3±7,5 no GI e 44,0±9,3 no GC, (p=0,283). Houve predominância do sexo feminino, com 45(77,6%) profissionais no GI e 51(89,5%) no GC (p=0,860). A intervenção não apresentou efeito no Nível Geral de estresse, Escala de Estresse no Trabalho e na Resiliência no Trabalho (p>0,050). Ocorreu diferença estatisticamente significativa no efeito do grupo para os indicadores Standard deviation de Normal to Normal (SDNN) (p=0,016), Low Frequency (LF) (p<0,001), razão Low Frequency/High Frequency (LF/HF) (p<0,001) e na coerência cardíaca (p<0,001); no efeito do tempo em todos os indicadores (p<0,050); e na interação entre médias dos grupos e sessões entre nos indicadores LF (p=0,046), LF/HF(p<0,001) e na coerência cardíaca (p<0,001).

Conclusões:

O biofeedback cardíaca apresentou resultados promissores nesta pesquisa, sugerindo que poderá ser utilizado na equipe de enfermagem como terapia complementar e como modulador do estresse. Identificou-se que esta técnica promoveu alterações nos marcadores biológicos propiciando melhor regulação do Sistema Nervoso Autônomo.

Introduction:

Nursing work is characterized by stressors resulting from physical and mental loads, and illness can occur when there is a discrepancy between the degree of demand of the work and the resources available to manage it. Resilience can be a protective factor against stress. Biofeedback of heart rate variability (BFK HRV) can be used to prevent stress and promote resilience.

Objective:

To evaluate the effect of BFK HRV on the stress and resilience of nursing professionals when compared to a placebo activity.

Method:

Randomized clinical trial, carried out with nursing professionals from inpatient units for clinical and surgical adults in a public hospital. The population of interest was professionals with symptoms of stress, who were selected using the Stress Symptoms Scale. The sample was randomized into an intervention group (CG; n=58), which performed eight sessions of heart rate variability biofeedback with the Emwave Pro Plus® software, and a control group (CG; n=57), whose placebo activity was eight sessions an online puzzle. The Stress Symptoms Scale, Work Stress Scale and Resilience at Work were used, and the biomarker was heart rate variability. Statistical analysis was performed using descriptive and analytical statistics, using the T, Chi-square and Generalized Estimating Equations. Clinical trials registration number 04446689.

Results:

The mean age in the sample was 43.2±8.4 years, with 42.3±7.5 in the IG and 44.0±9.3 in the CG, (p= 0.283). There was a predominance of females, with 45 (77.6%) professionals in the IG and 51 (89.5%) in the CG (p=0.860). The intervention had no effect on the General Stress Level, Work Stress Scale and Resilience at Work (p>0.050). There was a statistically significant difference in the effect of the group for the indicators Standard deviation from Normal to Normal (SDNN) (p=0.016), Low Frequency (LF) (p<0.001), Low Frequency/High Frequency ratio (LF/HF) (p <0.001) and in cardiac coherence (p<0.001); on the effect of time on all indicators (p<0.050); and in the interaction between the averages of the groups and sessions between the LF indicators (p=0.046), LF/HF (p<0.001) and cardiac coherence (p<0.001).

Conclusions:

Cardiac biofeedback showed promising results in this research, suggesting that it can be used in the nursing team as a complementary therapy and as a stress modulator. It was identified that this technique promoted changes in biological markers providing better regulation of the Autonomic Nervous System.